O MOVIMENTO ARMORIAL E SUAS ARMAS E BRASÕES
ARISTOCRÁTICOS OU
OLIGÁRQUICOS.
(a aristocracia
sertaneja em armas)
Sempre tive uma
visão bastante crítica sobre o Movimento Armorial.
Embora tenha
abordado, também, alguns aspectos positivos desse movimento
cultural.
Pois não abordei
apenas aspectos negativos ou “lacunas” (propositais ou não).
E a questão da
identidade étnica é multifacetada e muito complexa. O que
“inviabiliza” uma
postura unilateral
ou “totalitária”, a favor ou contra.
Sendo assim, vou
tentar colocar esse artigo em alguma espécie de “meio-termo”
ideológico e existencial. Sem exagerar na ênfase sobre os aspectos
negativos, ou falhas, ou “lacunas”.
Vou começar pela
questão da “estética e estilo” VERSUS “classe social e
existência”.
Não se trata,
obviamente, de desqualificar o lado estético em nome de uma
ideologia classista ou politicamente “de esquerda”.
Os aspectos
melódico, plástico, poético e prosaico, do Armorialismo, são
altamente elaborados, além de terem um interessante teor de reforço
da identidade étnica sertaneja e nordestina
(em sentido amplo,
“por tabela”).
Mas, por outro lado,
o combate classista e existencial contra o machismo sertanejo e a
exploração do Homem pelo Homem no Nordeste brasileiro é,
realmente, um combate insuficiente ou secundarizado, dentro do
Movimento Armorial e “Regionalista”. (Evidencia-se. Percebe-se.)
Aí, então, fala-se
pouco em machismo sertanejo ou sobre os lucros da burguesia
nordestina ou sobre a acumulação de “excedente” pela
“aristocracia” do semi-árido em geral, por exemplo. Ou da
exploração de camponeses por fazendeiros inescrupulosos. ETC.
Enfim: há
insuficiências ideológicas e “culturais” no Armorialismo e no
Regionalismo Nordestino também. (são famosas as “moderações”
no escravagismo, do Nordeste, feitas principalmente por Gilberto
Freyre e outros “freyrianos”, ou “pós-regionalistas”, ou
assemelhados, por assim dizer.)
Tenho alguns textos
sobre esse assunto. E reproduzo aqui uma passagem de um deles:
“Aqui em
Pernambuco, a guerrinha existencial começa entre Gonzagão e os
hippies, ou melhor: entre o patriarcado sertanejo “quase-medieval”
e a cultura “alternativa-contracultural”, emergente a partir dos
primórdios da década de 60. (ATUALMENTE o referido patriarcado,
ultraconservador, tem emergido, na maioria dos casos, como
fundamentalismo bíblico “recauchutado”, ou em alguma variante de
“normose” coletiva, castradora e vampiróide).
Foram muitos os
conflitos pesados. Alguns, inclusive, tornaram-se tabus, e a
consciência coletiva nordestina sempre preferiu evitá-los: aquela
velha história de jogar pra debaixo do tapete ou empurrar com a
barriga, disfarçando. E assim tivemos guerrinhas horríveis entre
armoriais e tropicalistas, por exemplo. Sem falar no bate-boca entre
Fred 04 e Ariano Suassuna, na década de 90, ou a extinção do grupo
Ave Sangria, na década de 70, por motivos mais “existenciais”
que ideológicos; como é do conhecimento da maioria dos
pernambucanos.”
Mais outra passagem:
outro trecho de outro texto, embasado na relação entre o
épico/erudito, de um lado, e o popular/regional, do outro lado :
“Dentro da Geração
65, havia espaço para experimentações no estilo, no formato e no
enredo. Mas havia “sérias” limitações ideológico-existenciais
no conteúdo. Tanto é que a maioria dos seus membros tornaram-se
politicamente centristas, apesar de terem resistido à ditadura
militar; e depois migraram para partidos como o PMDB, o PSB e o PDT,
(principalmente estes três), que são partidos cuja trajetória
terminou em uma hegemonia interna de setores “centristas”,
mormente a “centro-direita” propriamente dita; embora, com o
passar do tempo, alguns setores de centro-esquerda, e esquerda
DEMOCRÁTICA, tenham crescido dentro destes referidos partidos,
PRINCIPALMENTE NO PSB E PDT.
No campo
especificamente existencial, e em outros campos específicos, parece
ter havido alguns avanços; mesmo que, também, com algumas
limitações na resistência cultural, filosófica e
sócio-econômica.”
E mais essa:
“Tem muita gente
insistindo pra mim falar sobre Literatura ou literariedade;
ao invés de falar
sobre ideologia e “episteme”.
(é a mesma velha
querela e o mesmo velho quiprocó d’antanho).
O Oswald, de
Andrade, extremamente irônico, das Cantigas de Escárnio e Maldizer,
sardonicamente apelidou os canônicos brasilenhos de “ cartolas da
Senegâmbia ”:
era uma referência
às “ratazanas” das academias, e ao Rui Barbosa, ironizado como
uma estrambólica subespécie de super-CDF.
Mas esse quiprocó
purgatorial, das “antrolas”, tem a ver, também, com o embate
sonambulesco entre literariedade e ideologia. Ou melhor: uma variante
de “ARTE PELA ARTE” contra uma variação de ARTE “ENGAJADA”.
E ainda esse:
“É claro que
nenhum nordestino, em sã consciência, vai propor a dissolução de
sua identidade étnica, em nome de um “estrangeirismo” qualquer,
por mais “avançadinho” que seja. Mas existem simbioses que podem
resgatar essa identidade, combinando-a com outras heranças
artísticas, como foi o caso do Manguebeat, que resgatou a sonoridade
dos maracatus e afoxés, misturando-a com a herança psicodélica.”
Então, realmente,
eu não estou “tergiversando”, ou fazendo filtração
“classista”, de um tipo ou de outro. Pois estou falando de
alicerces reais e fatos cotidianos. Além de evidências fortes.
E nunca é demais
repetir: não se trata de, todas as vezes, secundarizar os aspectos
melódico e estilístico; (pra priorizar os aspectos classista e
psicológico ou existencial): tenho dito e repetido.
Então... não me
venham com esse “dispautério” de me acusar de querer diluir a
identidade étnica sertaneja ou diluir a literatura na vida e na
filosofia. (eu, hein??)
Até porque, além
da oligarquia latifundiária e administrativa do sertão e do
Nordeste, o “misticismo” e a religiosidade armoriais estão
calcados num esoterismo medievalesco muito parecido com o
“catolicismo” conservador e politicamente “reacionário” da
Renovação Carismática; (guardadas as devidas proporções e
detalhamentos diferenciados).
Sem falar que o
cordelismo e o “romançal” regionalista da primeira metade do
século 20 não questionavam os alicerces culturais do machismo
sertanejo, da oligarquia do semi-árido nordestino, do patriarcado
vampiróide regional, da “normose” burguesa nordestina, etc.
Quando questionavam,
como foi o caso da Geração de 30, tratava-se de um questionamento
insuficiente em relação às diferentes nuances do incipiente
capitalismo no Nordeste e da exploração do Homem pelo Homem na zona
rural sertaneja e agrestina. (é a velha tática de priorizar o
lado estético em
detrimento do lado classista).
E tem também a
questão do purismo melódico, “plástico” e literário; que
sempre recusou-se a qualquer possibilidade de simbioses, sinergias e
“misturas” com outros campos artísticos. Como foi o caso com a
“psicodelia” nordestina, a contracultura e o Mangue Beat (como já
falei).
Este, inclusive,
conseguiu resgatar, da areia movediça de um “limbo” cultural
preocupante, a sonoridade “afro”
e “de raiz” regionalista (em alguns detalhes específicos), que
estavam afundando num ostracismo que parecia irreversível em meados
da década de 80.
* o Maracatu e o
Coco são exemplos de um resgate “simbiótico” que aconteceu
junto com a sonoridade psicodélica e “alternativa”, entre
outros. (tou repetindo propositalmente).
Quanto às “armas”,
sabemos o quanto é belicosa a oligarquia e a aristocracia sertanejas
(e nordestinas, por
tabela). Sabemos.
Há um rastro de
sangue, mortandades e vampirismos na trajetória desses “brasões”
e dessas “heráldicas”.
A revolução de 30
é bom exemplo. Quando os coronéis “semi-feudais” digladiaram-se
mortalmente com a pequena burguesia assalariada e “progressista”
da incipente industrialização nos centros urbanos de porte médio e
das capitais brasileiras na segunda parte da primeira metade do
século 20. Onde a maioria dos armoriais e “regionalistas”
tomaram partido ao lado dos coronéis, conservadores e “direitistas”
daquela época (ou centristas “à direita”, ou quase isso).
É um fato. E é
inegável. (com raras e honrosas exceções).
Não é mesmo?? (ou
eu estou tergiversando??).
E tem outro detalhe
problemático nesse fuzuê “ideológico-existencial”: os defeitos
do povo brasileiro (típicos da bipolaridade humana). Os aspectos
negativos do “zé-povinho”: conformismo, assistencialismo cooptado,
conservadorismo popular, apego aos genes, covardia esperta,
imediatismo egótico, etc. Mas os “armoriais” e “regionalistas”
enfatizam quase-que-exclusivamente os aspectos positivos,
principalmente a criatividade artística desse povo. Então o que
temos, nesse caso, é um povo “irreal”, um simulacro “pop”;
uma fantasia cultural, desconectada da realidade concreta (que é
“bipolar”), e no formato de um arremedo “classista”.
Um
fingimento “ideológico”. Uma conversa “pra boi dormir”. Apesar dos inegáveis aspectos positivos.
Não é verdade??
Mas eu não vou me
alongar.
Pra mim chega, por
enquanto.
JESUS,
MARX E CROWLEY.
(pequeno ensaio
romanceado)
Jesus não era
exatamente Peixes, pois já era “Aquário dentro de Peixes”, em pequenas
dosagens, é vero, mas o bastante pra atrapalhar a quantidade de pimenta no
acarajé semita. Ele herda os genes e “memes” da linhagem de Jessé. Uma corrente
sanguínea de grandes guerreiros e estrategistas geniais da última moda na
tecnologia de guerra mesopotâmica. Seminômades da Samaria, arameus, sidônios,
hititas, acádios. E frígios encastelados no centro da Anatólia e no Cáucaso, ao
sul da Alânia Antiga.
É claro que ele
dava “selinhos” em Madalena. Nas praças públicas. E Pedro não gostava nem um
pouco disso. E o patriarcado semita ainda tinha suas dívidas cármicas com a
morte e o sangue de antigos guerreiros heteus.
Porém...
a Cabala Mística
também sobreviveu em subterrâneos sanguinários até aqui. Milagrosamente.
Até a chegada do
verão de 1965.
Atenção,
garotos: o “superego” não é o “eu superior”. Nem Bagdá é Babel. Nem cocote
célebre “vintêige”. O útero cósmico bipolar, artificial, fervilhando bits
infinitesimais e microondas fuderosas de todos os tipos e tamanhos. Todo tipo
de informação randômica e semicaótica. (a BESTA FERA comendo jambo nos caritós
do sertão.)
“Passarinho que engole jabuticaba, sabe o
furico que tem.” (já dizia a antiga sabedoria pop agrestina e litorânea:
exatamente na fronteira entre a mata e o agreste.)
Foi o que
aconteceu com Rosa Luxemburgo e Oscar Wilde quando escolheram uma estratégia de
ataque frontal contra o acampamento da federação de tribos saxônicas,
teutônicas e turíngias. Estraçalharam os próprios dedos, dando murros em pontas
de facas da aristocracia alamana e anglo-saxônica ancestrais.
Amós atacava os
excessos de agiotagem dos “fariseus e saduceus”. E o Yeshua atacava o
patriarcado farisaico no centro da Judéia.
E também era
preciso muita coragem para dizer certas verdades diante da corte de Herodes e
Tibério, os grandes. Como fez João, o Batista, e seu primo Yeshua. Arriscar a
própria vida para defender uma “mundiça” ESPIRITUAL que depois vai traí-lo.
(ele estava alimentando cobras que irão mordê-lo depois).
Obsessões
paranóicas da coletividade aramaica e otomana. Assírios e hebreus derramando o
sangue azul do faraó. E moabitas subindo até o coração do norte judaico.
Os furúnculos de
Marx não passam de poeira assentada diante da cabeça decapitada de João
Batista. As “transgressões” de Crowley não passam de meros devaneios diante do
harém de Davi. (mera teoria).
Mas convenhamos:
havia um mínimo de “distribuição de renda” no reinado de Davi. Um “mínimo” que
deixou de existir depois que seu filho Salomão assumiu o trono, pois a
“concentração de renda” assumiu ares fantásticos durante este reinado cheio de
putarias generalizadas: com rainhas e princesas de outros templos cananeus.
E convenhamos
também: muitos profetas semitas lutaram contra as injustiças sociais do seu
tempo. Outros pagaram com a própria vida. Alguns “enlouqueceram” no
enfrentamento contra aqueles poderes terríveis e aqueles vales de “sombras” e
mortes. E vagaram transtornados pelas vilas e distritos da Galiléia. Uma
herança de luta “ideológica” que muitos fundamentalistas esqueceram, e esta
herança quase não existe em outras religiões, principalmente devido à enorme
dificuldade de combinar a luta “espiritual” com a luta por justiça social. Não
esqueçamos que Jesus era plebeu, e Gautama era príncipe.
Eros submetido ao autogerenciamento humano: eis o
“evangelho” de Crowley, e de Epicuro, e Jesus também, por incrível que pareça.
(meandros profundos da força interior própria.)
Mas falar de
Crowley é como falar de cálculos infinitesimais e probabilísticos atormentados
e inseguros. Ou de um Saturno atribulado seguindo o rastro das bacantes dos
guerreiros trácios. Ou de um casamento aberto infernal; altamente purgatorial.
Pouco equilíbrio
no caminho do meio, mas até que nem tão desequilibrado assim. Até que nem tão
patológico assim.
(Crowley foi
DETURPADO pelos anarquistas autodestrutivos e “suicidas” da contracultura na
Década de Sessenta, no Primeiro Mundo, no auge das orgias hippies). E aqui
repassem mentalmente a guerrinha fuderosa entre cirenaicos e epicuristas na
antiguidade clássica, e repassem também o fato de que Freud falava em
“autossublimação não-repressiva”: é
preciso muito cuidado pra não confundir esta verdade psicanalítica com
“mais-repressão patriarcal”.
Porém...
nem Jesus nem
Epicuro engravidavam “empreguetes”, como fizeram Marx e Abraão. (nem repassavam
DSTs sorrateiramente.)
O Yeshua
“transava” com Madalena, e bebia vinho, mas era tudo controlado dentro dos
limites de um ritualismo cananeu e “esotérico” rígido. E ele não engravidou
Madalena: não me venham com esse capcioso e cromossômico factóide merovíngio.
Certamente Madalena
não engravidou porque usava algum tipo de “tabela”, gerenciando os momentos de
período fértil. Será?)
Mas o Yêshua não
andava bebão por aí, nem “altamente lombrado”, pelas ruas escuras da Samaria, e
nem azarava “coquetes” piradas na Araméia. (era tudo eventualmente ritualístico,
e exercido sob rígidos limites pressupostos por um novo “gnosticismo” cananeu,
a nova igreja de Tereza d’Ávila paranormal e do Frei Beto holístico, mas que
não incluía rebentos sob a direção da “aurora dourada” normanda nem da suástica
“invertida” merovíngia, nem do neo-fascismo dos Hell Angels.)
Tenham calma.
Os zelotes eram
apenas “10.000” homens no entorno da fortaleza de Massada.
Tibério, no
auge, tinha “250.000” homens, no total, entre italiotas, protogregos e
mercenários “caucasianos”, ou “vikings” também (famosa guarda varegue): de vez em quando, raramente,
eventualmente, como foi o caso dos normandos no nordeste da França, no
gloriosíssimo Sacro Império Romano-Germânico. (um “estado-tampão” de grande
eficiência durante um século-e-meio, dentro do QG merovíngio e franco-viking.)
Algo semelhante
à mistura entre eslavos, arianos e tártaros na parte norte dos mares Negro e
Aral, ou na corrente sanguínea das aortas inchadas de Moscou e Kiev.
(um novo
patriarcado “hebreu-protestante”, mas agora com um viés “esotérico” bastante
acentuado; porém correndo o risco de
transformar-se numa nova ortodoxia fundamentalista, um novo dogma do
cristianismo ortodoxo das primeiras tribos eslavas e varegues.)
Pois é.
Então tá.
Só que, de
revestrés, de soslaio, generais moabitas planejavam novos momentos
estratégicos, ou táticos, por dentro mesmo do próprio Sinédrio, infiltrados, capciosamente,
às vezes.
Mercenários
proto-armênios, neo-babilônicos, jebuseus, arameus e sidônios esperavam a
melhor hora para o bote da águia moabita sobre o pescoço da ovelha semita.
Porém o “nó-de-porco” era o seguinte: fazer confronto direto com o Império
Romano num momento daquele seria suicídio: e o Yeshua sabia disso. Ou seja:
Yeshua sabia TUDOOO.
Não sabia apenas
sobre “reinos do céu interior”. Sabia também como relacionar tática e
estratégia. Por essas e outras, quando o assunto era “introvisão aprofundada”,
ele dizia assim sobre os fariseus e saduceus: “nem entram e nem deixam entrar”.
Então o mais
inteligente seria investir na percepção ampliada e na mutação interior pra,
apenas algumas décadas depois, dar o bote maior, no momento certo, como fez
Moisés, ao insistir pra que o povo hebreu esperasse quarenta anos no deserto,
preparando pacientemente os avanços na “tecnologia” de guerra e na
“espiritualidade” ética.
Os essênios
habitavam estranhas cavernas em Qumran, numa área desértica entre Massada, o
Mar Morto e a região sudoeste da Jordânia, próxima à Nabatéia, e diziam que
“tudo é luz”. No sudeste ficava Moab, Edom e algumas tribos árabes emergentes,
caindo para o sul do Nilo.
Em cima, nas
planícies cananéias, os fariseus e saduceus pintavam e bordavam. (o patriarcado
da Casa de Jessé decidindo as vidas e as mortes.)
E os sátrapas
romanos também.
Hordas de
nabateus, “hicsos” e proto-árabes atropelavam todo o Vale do Nilo,
principalmente no sul do Vale, mas também em algumas áreas do norte egípcio.
Porém...
OS ESSÊNIOS ERAM
PACIFISTAS E VEGETARIANOS EMPEDERNIDOS, e não viam com bons olhos a metalurgia
guerreira dos zelotes (nos entornos da fortaleza de Massada). Nem a metalurgia
de Ogum na umbanda sincrética e holística de Angola.
Nem a cooptação
farisaica de plantão, nos gabinetes dos tenentes romanos e escribas
fundamentalistas.
Muitas fêmeas
sempre estiveram ao redor de Jesus, e próximas também.
Gautama admitiu
mulheres como discípulas já perto da morte.
E tudo indica
que Madalena tinha mesmo um casamento “ritualístico” com Yeshua. Onde os
momentos de sexo eram rigorosamente controlados por sacerdotes essênios e
canaanitas, provavelmente. Quero dizer: não havia, realmente, nenhum pendor
para o destrambelho do “furor uterino” nem para a esculhambação da “Escola de
Cirene”, ou para as antigas procissões dionisíacas no sul da Trácia. Sacou a
diferença??
Bom, eu não
estou, aqui, querendo confrontar diferentes opções tântricas ou matriarcais.
Nem estou querendo “endeusar” o suprassumo patriarcal da seiva
ariano-caucasiana, ou os cromossomos do Noé pinguço, ou do trambiqueiro Jacó
Israel. Quem sou eu pra derramar esse munguzá??
Mas, com
sinceridade, e com o coração tranquilo, vamos admitir: Jesus é um ser humano, e
não um “pendráive”. Tinha todos os
desejos e ânsias de qualquer criatura humana. A diferença está na eficiência do
autogerenciamento das dosagens e frequências... de substâncias, sexo ou poder
exercido contextualmente. (o poder é o maior de todos os afrodisíacos: não
esqueçam.)
É muito
diversificada a herança “ideológica” do Yeshua. Há opções para todos os gostos.
Há “anarquistas” cristãos, como
o Tosltoi e o Steiner. Há fundamentalistas fascistóides, como o Hagin, ou o
Valdemiro. E há também o pessoal do “caminho do meio”: geralmente “neo-epicuristas”,
ou melhor: misturam o epicurismo com um suposto “platonismo” cristão. Cultivam
variantes de “meio-termo”, e enfatizam a “união mística”. (também a dialética
ocidental e a síntese de opostos com diferentes percentuais de cada lado. A mandorla
cristã.)
Enfim: são
tantas variantes de todos os tipos que eu nem sei o que dizer direito. (talvez
a quantidade de subdivisões seja bem maior do que eu mesmo penso. Mas este
sempre foi um problema característico de todas as etnias, e não exclusivo da
etnia hebraica.)
A variante
“ortodoxa”, por exemplo, que é mais forte da Rússia aos Bálcãs, tem muitos
setores esotéricos e místicos. A literatura dostoievskiana está cheia de
figuras dessas sub-áreas do cristianismo derivado do Patriarcado de Moscou, que
depois irá transformar-se em “ideologia” eurasiana, herdando a fome de poder
stalinista, de revestrés, “por terceiro”, sem falar nos cristãos coptas. Uma
prova disso é a desnorteante e atual “conchambrança” entre os neo-stalinistas e
os herdeiros do cristianismo ortodoxo, da Sibéria até o Cáucaso e a Tartária.
E tem também
aquela polêmica desastrosa da reencarnação e do celibato.
Primeiro vem o
exílio do Orígenes de Alexandria: caiu no abraço-de-tamanduá da rainha Teodora
e do imperador Justiniano, todo poderoso herdeiro do antigo Império Romano do Oriente,
ancestralmente ancorado em Bizâncio, que depois será Constantinopla (corria o
ano da graça de 553 DC).
A rainha Teodora
tinha muito medo de reencarnar como escrava. Por isso, “ordenou” ao marido para
pressionar os padres a banirem a reencarnação e aprovar definitivamente
a idéia de ressurreição ou “ressurgimento” da carne.
A partir daí, pra
quem defendia a reencarnação: se não correu, morreu. Era exílio ou morte.
Foram eliminadas,
primeiramente, 500 profissionais do sexo, antigas companheiras de profissão de
Teodora, naquele tempo tenebroso em que ainda não havia carteira assinada.
Depois vieram as tradicionais sessões de tortura e mais eliminações físicas
propriamente ditas.
No caso do
celibato, eu nem preciso repetir:
foram interesses seculares imediatos da alta burocracia católica que
instauraram o celibato obrigatório, como estratégia para impedir que herdeiros genéticos dos padres se apossassem dos
bens “milagrosos” da Santa Madre Carismática Universal.
Quem capitaneou
esse desastre “filosófico” foram o rei Rogério II e o papa Inocêncio III, a
partir do Segundo Concílio de Constantinopla, em 1139 DC, desembocando
definitivamente no Concílio de Trento, em 1545 DC.
É bronca pesada.
Durma-se com um
barulho desses.
COMENTÁRIOS DE VERSÍCULOS
Dai
a Cesar o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
Paulo , o Saulo , era escravagista.
Ou melhor: pessimista conformista. Como o Cohélet. E eu sempre fui muito
desconfiado sobre uma suposta bissexualidade de Saulo, enrustida, sempre enrustida.
O rei Davi também. Altas suspeitas.
Talvez também Betsabá e os
cromossomos de Urias. E até o general Jônatas.
(não esqueçam de incluir nessa
lista o major Sebastião, da guarda pretoriana.)
Enfim: o ouro e as jóias de Roma,
e da princesa Honória: muito interessante pra Átila, mas interessava também aos
generais ripuários. Este era o nó-de-marinheiro que ninguém desatava. Altos
espíritos-de-porco espalhados em Moab e norte do primeiro reino acádio. Antes
da fundação de Bagdá. Já pertinho de Eridu, Lagash e Babil. (o tutano do
Crescente Fértil.)
Idem no Vale do Nilo, na parte
sul principalmente.
Incluindo o pessimismo
conformista de Cohélet, COMO JÁ FOI DITO. E dos primeiros luteranos. Mas
incluindo também a sedição distributiva de Amós, costurando uma bipolaridade
“cananéica” (nos confins de Constantinopla e Alexandria também).
Um conformismo “pop” que tem
infernizado o carma coletivo de todos os semi-escravos paulistanos ou neo-informacionais
da Besta Galáctica Pós-Pós. (do sumidouro evanescente do Rio Una, das
correntezas imprevisíveis do Velho Chico.)
Do tutano da Ciscaucásia até a
desembocadura no Mar de Aral.
Sub-satrapia tártaro-mongol no
sul do Daguestão.
Eu e o pai somos um.
Aqui a confusão
foi bem maior. Confundiram a condição bipolar pré-cósmica, a autotranscendência
e a conexão universal de todos os fenômenos: terráqueos e extraterráqueos.
Chegando a um
ponto desses, não são poucas as criaturas que passam a acreditar que estão em
empate técnico com o Criador Incriado. É um momento “subjetivo” muito perigoso:
inúmeras sub-áreas interligadas tornam-se “desencontradas” ou repentinamente imprevisíveis,
apesar de alguns sonhos reveladores.
Numa hora
agoniada dessas, qualquer “guenzo” das hordas vampirescas pode, repentinamente,
te ameaçar seriamente.
É também um
momento de chance, como diziam os taoístas ancestrais.
Mas atenção: não
se trata de confundir a si mesmo com a própria Divindade Cósmica. Os fariseus e
saduceus exploraram bastante esse “vacilo” de Jesus. Desde que tenha sido um
vacilo, e não opção consciente.
O mais provável
é que os seus herdeiros tenham aprofundado e cristalizado esse desvio
excessivo do “superego”. E não Ele mesmo.
Provavelmente
pós-Constantino. E aqui voltamos para Átila e a península itálica.
Agostinho de
Hipona estava escrevendo suas “CONFISSÕES”, enquanto bárbaros asiáticos e
germânicos começavam a devastar o que restou de Roma. Não lembro em qual
“congresso” católico foi legalizada definitivamente a igualdade entre
Yeshua e Javeh.
Se não me falha
a memória, foi no Concílio de Nicea, em 325 DC. Mas é possível que os gnósticos
cristãos primitivos já tivessem chegado a alguns insights mais profundos em
relação a esse equívoco, percebendo, de forma ainda um pouco “tosca”, esse desvio
mental específico; certamente
emergido de alguma sub-área do “superego”, um ARQUÉTIPO que é frequentemente
confundido com o “eu superior”. (a proliferação de “heresias”, depois do
Concílio de Nicea, é uma evidência forte que aponta nesta direção,
principalmente o pelagianismo e o arianismo.)
Jesus, ELE
MESMO, o marceneiro de Canaã, muito provavelmente teria superado essa intuição
“torta”, já que tinha inteligência e talento muito acima da média comum. (Cedo
ou tarde, ele iria perceber. Eu desconfio seriamente que ele percebeu.)
Não coloquem vinho novo em barril velho.
O “conflito de
gerações” entre Yeshua e Javeh não era um conflito total.
Para Jesus, não
se tratava de romper totalmente com a herança “javeísta”. Tratava-se mais de
aperfeiçoar alguns detalhes, ou algumas pequenas revogações, do que romper “cem
por cento” com Javeh.
Alguns pequenos
lances táticos e momentâneos.
E aqui é
inevitável entrar na temática do Cristo Cósmico e de supostos Templários de
Esquerda, incluindo a Cabalah e a Umbanda cristã.
A Árvore do
Conhecimento é mesmo a Cabalah, e não a maconha, nem o cogumelo Psilocibe de
todos os semi-áridos. Porém a cabecinha verticalóide do patriarcado javeísta
eliminou não apenas El e Asherat, mas também Astarot e Vênus.
E aqui eu não
estou ditando, espertamente, loas elogiosas ao feminismo neurótico ou
cinderélico “alternativo”. E sim apenas repassando detalhes antropológicos e
arqueológicos já detectados e confirmados por muitos pesquisadores.
Nunca deverá acontecer qualquer acordo entre luz e
treva.
Na psicologia
transpessoal, essa temática é conhecida como “integração da Sombra”. O que nos
remete novamente para o assunto da “bipolaridade cósmica” e da
“autotranscendência” humana.
No esoterismo
ocidental, esse tema corresponde à problemática da “união mística”, ou seja:
união de opostos, junção de contrários. A MANDORLA do gnosticismo cristão
posterior.
A mentalidade estreita
e fundamentalista nunca aceitará “o pólo
negativo da bipolaridade universal”. (na Cabalah, isto é um ponto de
partida fundamental, depois complementado com a “ampliação perceptiva” e o
aprofundamento da introvisão.)
Os primeiros
fundamentalistas bíblicos bateram muito nessa tecla, tentando desviar algumas
grandes verdades “esotéricas” universais, e sempre demonizando a Cabalah, OU
MELHOR: a Árvore do Conhecimento.
Alguns
“salvam-se” pela fé, mas outros “salvam-se” pelo coração ou pelo conhecimento,
como Tomé, e Felipe também. (não esqueçam que no cristianismo primitivo ainda
não existia a disputa sanguinária entre “gnósticos” e “fundamentalistas”.)
Vou destruir tua igreja, e construir outra em três
dias.
(Eli, Eli,
porque me abandonaste??)
Yeshua e Javeh
nem sempre coincidem. Mas há convergências entre os dois. Sempre houve, embora
Jesus fosse um pacifista sonhador e delirante que o império romano confundiu
com um guerreiro cósmico; e Javeh
seja um guerreiro cósmico propriamente dito. (fenomenologia pré-cósmica no
tutano do Gênesis).
Acreditando em
“impossíveis” metanóias profundas no povo hebreu, Yeshua não irá perceber que
Eli e Javeh são diferentes (mas os seminômades sírios perceberam).
E Javeh
aproveitará a confusão, o buruçu “epistêmico”, pra derrotar Eli (El), Baal e
Asherat.
(depois que
assume o “trono” religioso em Israel, Javeh absorve “talentos” de Baal e
Asherat, bradando aos “quatro ventos” que, a partir dali, não existirá outro
“deus” em Israel, nem no resto do Universo. É o fim da tolerância religiosa a
um suposto politeísmo cananeu dos tempos antigos. É o auge da autossuficiência
“egótica” e do abismo “subjetivo” insaciável... bem próximo à desembocadura dos
rios Tigre, Eufrates e Jordão.)
Mas o Yeshua
morre sem entender direito o que estava acontecendo nas ruas próximas à foz do
rio Jordão. E então a “mundiça” espiritual do trambiqueiro Jacó exige a “decapitação”
do sonhador de Nazaré e Belém. E os saduceus aproveitaram o buruçu pra jogar a
última pá-de-cal nos pés da “santa cruz da totalidade cósmica e da distribuição
de renda”.
Não é santo aquele que bebe vinho com soldados e
prostitutas.
Talvez esta
fosse a principal divergência entre Yeshua e os fariseus e saduceus
(principalmente estes dois). Porque havia também Alah, o meio-irmão de Javeh, “rondando ao redor”. Mas parece que a
bronca MAIOR foi com os saduceus, e não com os fariseus... talvez. MUITO
PROVAVELMENTE. (e a História Oficial registrou outra versão, mas a vida é assim
mesmo. O pólo “negativo” também faz parte da Totalidade Universal... e das
bipolaridades em geral.)
Eu, hein???
E tem também
essa referida dificuldade da mente ocidental pra aceitar a “integração da
Sombra” (tou usando terminologia junguiana). Ou melhor: a Sombra também é
bipolar, e é necessário que, antes de mais nada, Ela dê a sua autorização ao Eu
Superior para a integração de alguns sub-setores do Inconsciente Coletivo,
chamados por Jung de “ARQUÉTIPOS”. (é como uma chave específica que precisa
encaixar na “dentadura” certa: uma informação ultracomplexa, tanto quanto os
encaixes da bioquímica neuronial entre os axônios da carne da Terra.)
Pra tudo isso,
serão necessários inúmeros acordos e negociatas com a “Sombra”, e com radiações
cósmicas de fundo, de todos os tipos e tamanhos, numa velocidade maior que a da
luz. Ou melhor: curtos-circuitos infinitesimais. Ou seja ainda: com o arquétipo
pré-cósmico “Lucifé di Cocada”. Ou a “Febre du Rato”. Ou “Maria Padilha”:
inclusive.
Raramente. Mas
às vezes também.
O mal é o que sai, e não o que entra.
Aqui o Yeshua
assumiu publicamente, e radicalmente, a sua posição pessoal a favor da
liberdade individual, ou “livre arbítrio”, mas era uma “liberdade individual”
com algumas “restrições” e com as dosagens e frequências controladas pelo
patriarcado israelita. Quero dizer: “jacobense”, já que o velho trambiqueiro do
Edom tinha ainda suas reservas de forças ocultas, e de cartas na manga, como o
Rei Artur, e sua heresia pelagiana, mas devidamente empossado como
“comandante-em-chefe” de toda a ilha britânica. O primeiro imperador bretão (de
toda a Bretanha).
Morgana e
Mordred é outro papo. Porque aí já é mais exatamente paganismo druida, e não
paganismo saxônico, ou “rúnico”. Quase caldeirão assírio e cazar, fervilhando
miolos e tripas no molho do guisado cananeu pré-histórico, adiando os ataques às
barbas do império Mitani.
O
grande lance era gerenciar dosagens diferentes em contextos e individualidades
diferentes, ao invés da ancestral “mais-repressão” dos patriarcados de São
Petersburgo ou Leipzig. Mas mesmo esse pequeno corte já era o bastante pra
atiçar a cobiça dos saduceus e fariseus.
O
resto vocês sabem. Eu não preciso repetir.
Zé de Lara
julho - 2017
PENTECOSTES
E PROSPERIDADE
Não vejo a religiosidade como um tipo de “ópio”, ou
de sonho ilusório como substituto para a realidade concreta. Vejo como ânsia de
conexão cósmica, de religação com o Universo. Mas existem religiosidades
“degeneradas” ou deturpadas, é claro. E estas podem, sim, transformarem-se em
alguma espécie de “ópio” subjetivo ou espiritual (enganar a si mesmo é mais
fácil do que a gente pensa). Ou em algum tipo de poder vampiresco ou fascistóide.
O erro seria generalizar, e afirmar que TODAS as religiosidades são degeneradas
ou deturpadas. E mais: existe uma enorme diferença entre Jesus, ele mesmo,
e a maioria das igrejas que se formaram em seu nome: quase um abismo. Jesus era
um “peixe quase-aquário”, e os diferentes fundamentalismos que foram formados
em seu nome não passam de caricaturas e simulacros. E havia a ala esotérica do
cristianismo primitivo. E Javé é um deus contraditório, “bipolar”: tem uma face
ditatorial e uma face piedosa, e também uma face sublimada e uma face “depravada”,
manifestada no Rei Davi, por exemplo. Alguns cristãos gostam de dizer que Javé
amou Davi mais do que todos os outros homens: é o mais amado: porém era poeta “místico”,
guerreiro, biriteiro, raparigueiro, adúltero, mercenário, etc: sem falar nas
suspeitas de “bissexualidade”, principalmente o “caso” do general Jônatas (“a tua amizade é mais doce do que a amizade
das fêmeas”: tá na Bíblia, mas não lembro exatamente onde; não sou decorador de textos, sou poeta,
e não um pendrive.)
Quando Elias fez chover fogo
sobre os gurus de Jezabel, ele estava não apenas combatendo os inimigos de
Javé, mas também combatendo a corrupção e a injustiça social que emanava dos
palácios e templos dos outros deuses cananeus. O problema era que, nessa época,
Javé já era um ditador, um “fascistinha” que não admitia a existência de outros
“deuses” em todo o Universo (ele acredita piamente, realmente, que é o único
“deus” que nasce do nada cósmico?). E às vezes, em momentos mais “degenerados”,
queria ser igual ao Universo, ou até maior que o Universo: eis o drama cósmico
de Javé, que é apenas um dos inúmeros deuses que nascem do nada e do caos cósmicos; fora as suas contradições e
bipolaridades. Ele seria, então, luz e ordem; e Jezabel seria apenas
caos e depravação. Aconteceu algo parecido na “relação” entre Marduk e Tiamat
(bem ali pertinho da Cananéia).
Luz e treva são lados de uma
mesma moeda. NÃO SÃO DUAS MOEDAS. (apenas os lados se alternam e se
misturam). Tudo existe aos pares. são díades. Amor e ódio são uma coisa só: uma
bipolaridade. É dialético. (onde tem amor tem ódio: o tamanho do ódio é do
tamanho do amor). Porém a criatura humana precisa usar a autopercepção e o
autogerenciamento para trabalhar uma hegemonia da luz sobre a treva, mas sem
querer extinguir o ódio, ou seja: sem extinguir um dos pólos da “díade”. E
também o seguinte: a “treva” tem a sua função, dentro das bipolaridades, dentro
do jogo dialético: na dosagem certa, na hora certa. Mas tem que ser bem
administrada pela consciência: pelo que Freud chamava de "autossublimação
não-repressiva": força interior e discernimento intuitivo.
Então... eis o mais
incrível: expor contradições é “qualidade”, e não defeito. A Bíblia está cheia
de contradições, e isso é bom. É sinal de que houve coragem para expor também
os aspectos negativos de cada contexto, ao invés de apenas jogar pra debaixo do
tapete ou “empurrar com a barriga”. Quer dizer: as bipolaridades cósmicas estão
expostas, e não escondidas. É louvável. É raro você encontrar, em outros livros
religiosos, tanta coragem para exibir a condição “bipolar”. E também o
seguinte: a ânsia de justiça, e a luta por justiça social, de muitos antigos
profetas semitas, como o Amós, você não encontra, ou quase não encontra, em
outras religiões, que estão, em sua maioria, preocupadas “exclusivamente” com a
mutação interior. Os Templários, por exemplo, não lutavam por distribuição de
renda ou horizontalidade no exercício de poder. Lutavam apenas para tomar o
poder na região da Cananéia, e implantar os pressupostos engessados do
cristianismo “dogmático” daquele contexto. Mas os fundamentalistas obtusos
costumam não reconhecer essa verdade das bipolaridades. E continuam acreditando
que as contradições expostas na Bíblia devem ser escondidas ou “empurradas com
a barriga”. Problema deles, e não meu. O meu “deus” não é Javé. Sou ecumênico e
tenho a minha “falange cósmica”, da qual Maytrea Guerreiro faz parte,
contraditoriamente; ou melhor:
dialeticamente. E vocês podem considerar, num certo sentido, que Maytrea
Guerreiro é uma das inúmeras faces de Javé, que é inevitavelmente polifacial,
ou seja: tem também bipolaridades entrelaçadas, como tudo originariamente no
Universo. Se assim quiserem entendê-lo. Seria uma outra maneira de entender o
mesmo fenômeno: não deixa de ser válida. Fiquem à vontade.
Javé não é pacifista; é Senhor de Exércitos: um guerreiro
cósmico, portanto. Um campo cósmico cuja atividade principal é guerrear contra
outros campos cósmicos, ou seja: contra outros deuses. Seu paficismo é apenas
contextual, momentâneo. Pra ele, a paz é apenas um intervalo entre duas
guerras. Mais uma contradição. Não esqueçam que o Gênesis começa com uma guerra
no “céu”: o ego de Javé contra o ego de Lúcifer. Depois Javé se envolve em
outras incontáveis batalhas “cósmicas”. Ganhou a maioria, mas perdeu algumas.
Nenhum “deus” ganha todas as batalhas. Ganha algumas e perde outras. Perdeu uma
pra Marduk, de Nínive, por exemplo, no tempo do cativeiro babilônico. E perdeu
outras também, mas não é o caso de listá-las aqui. Os pacifistas ingênuos da
atualidade, na sua maioria criaturas incapazes de se defender, confundem
humildade com humilhação, e afundam num estranho prazer masoquista, “gozando”
de forma invertida, através do exercício de poder fascistóide que os seus
“avatares” exercem sadicamente, como vampiros cínicos. Estranha maneira de
gozar. Muito estranha. (Elias não é num pacifista. Como pode ser pacifista um
homem que faz chover fogo em cima de seus inimigos ideológicos? Jesus chicoteou
os agiotas e esculhambou agressivamente os fariseus, e bebeu vinho com
soldados: era contraditório também: e isso é bom, e não ruim. Quer dizer: é
dialético, é humano. Ele que dizia que era Filho do Homem. E certamente
“namorava” com Madalena, sim. Namorava sim. E o Salman Rushie é um covarde, um
medroso: está dito.
Então aqui entram em cena as
diferentes pulsões: de sexo, de ego, de poder, de morte, e de conhecimento: que
o Foucault chamava vontade-de-conhecer, e o Cohélet dizia que é vaidade também,
e que não é outra coisa senão a “árvore cabalística”, a famosa Sephirot; (há diferentes maneiras de “cair”,
conforme cada pulsão específica que domina o mundo mental de cada indivíduo). A
expansão da consciência, interna e externa, poderia facilitar a libertação dos
seres humanos do domínio dos anjos-de-treva disfarçados de anjos-de-luz. Então o
principal fruto proibido parece ser mesmo a ampliação do conhecimento, interno
e externo, e não o sexo do casal Adão de Eva. Por que isso?? por conta dos
pendores ditatoriais e vampirescos de Javé, um sujeito indisfarçavelmente
contraditório, “bipolar”. E pode acontecer de um desses “arquétipos”
totalitários e agressivos emergirem das funduras do Inconsciente, e assumirem o
poder “interno” na estrutura mental de qualquer criatura, e esta ficar
acreditando que se trata de um anjo-de-luz, como aconteceu com os Mórmons e Maomé,
o primo de Jesus. Só se for um anjo pedófilo e ditatorial. O arcanjo Gabriel é
pedófilo e “totalitário”?? ou esse é um pendor individual do Maomé?? ou é
apenas uma consequência indireta da repressão sexual?? Eis uma tática muito
comum no mundo espiritual e cósmico: um anjo-de-treva que finge que é um
anjo-de-luz, e muita gente acredita. O Rilke já dizia: “todo anjo é terrível”.
E o Nietzche dizia assim: “onde encontrei vida, encontrei vontade-de-poder”. E
aqui não estou deixando de reconhecer que os verdadeiros cristãos existem, e
que há mulçumanos democráticos e desapegados. São raros. Mas existem. Assim como
existem também muitos hebreus tolerantes e honestos.
No campo da ética e da
moral, as hipocrisias e simulacros são muitos (demasiado humano, mas sem
misantropia). E há também os sinceros, em minoria: conhecidos como inocentes
úteis ou bucha-de-canhão (na extrema-esquerda há muitos deles, “às avessas”). Talvez
a ética protestante tenha funcionado no tempo dos quackers e na época do Max
Weber. Mas no Brasil falhou. O que se viu aqui foi uma degeneração neo-liberal,
empanturrada de usura, simonia e cobiça: que fudeu a cabeça e a alma da maioria
da mundiça tupiniquim, que afundou na ânsia delirante de enriquecimento fácil,
e saúde total. Um mecanismo mental limitador e castrador, mas que funciona, na
prática. E olhe que eu não estou falando de “neo-franciscanismo” ou algo
semelhante. Não gosto desse papo de faltar cuscuz na minha mesa, e mesmo assim
eu ficar agradecendo a “deus” por ter conseguido atingir os ápices de uma
iluminação suspeita. (mas às vezes um enorme desespero me invade quando eu
penso que é possível que a cognição mestiça nunca conseguirá ultrapassar determinados
limites perceptivos: nesse raciocínio, eu também seria parte de uma provável
concordata da civilização mestiça). Credo!
Cruzes! Vade retro!
Todavia, é bom não esquecer
que a moral stalinista era muito semelhante à moral burguesa “vitoriana”, nos
seus pressupostos de sublimação sexual e sentimento de seita, incluindo a
homofobia, e funcionando como outro tipo de “cabeça-de-bula” limitada e
castradora. Eu mesmo jamais destruiria os mosteiros e igrejas dos outros; pois sou um homem verdadeiramente
democrático, e aceito o direito
individual de cada um escolher a sua religião ou o seu grupo ideológico. Nesta
discussão, eu incluo a questão das “prostitutas sagradas”, que têm a sua função
dentro do todo social, principalmente no que se refere à demanda de satisfação
sexual dos solteiros e de todos aqueles que estão fora da gaiola dourada do
cinderelismo e do amor romântico com fidelidade. Os anjos piedosos, com a sua
percepção ampliada, compreendam e perdoem Lilith e Hécate, e todas as bacantes e
garotas-de-programa também. Incluindo as poetisas da ilha de Lesbos. Se não for
assim, então muita gente vai “morrer na mão”, que nem colher de pedreiro,
batendo punheta ou siririca assistindo vídeos pornôs. Tenho dito, e repetido. “Cabe tudo no coração dilatado do bodisatva”.
Cada um contribui conforme a sua vocação.
E tem essa história das
doenças, em geral, incluindo as doenças mentais. Segundo os iluminados neo-pentecostais, quem está
doente e pobre foi amaldiçoado por “deus”, que o abandonou. Como se a doença e a
morte não fossem algo corriqueiro e comum na natureza. Até as árvores adoecem e
morrem; (na Agronomia existe uma
disciplina chamada Fitopatologia). Calvino era hipocondríaco. Lutero,
depressivo. Max Weber também (tinha surtos). Santo Antônio passou por um
período de “travessia noturna” alucinatória em que via monstros e assombrações
(escapou do internamento num sanatório por uma peinha de nada). Até o Rudolf
Steiner adoeceu (mas o cristianismo deste era “libertário” e esotérico: uma
outra vertente). Eu também estou doente: de lombriga e neurose. Mas, para estes
fanáticos ensandecidos, as verminoses também são um problema subjetivo. TUDO é
subjetivo, pra esses doidos “fundamentalistas”. Até a Tênia é subjetiva, uma
verme com dez metros de tamanho. Então as lombrigas foram amaldiçoadas também,
porque são “subjetivas” ou psicológicas, e estão afundadas numa decadência
espiritual horrível. São demônios do Inconsciente Coletivo, e serão expulsas de
todas as barrigas com as fortes orações e pantomimas pentecostais e
carismáticas. Serão extintas. Não restará unzinha no bucho da mundiça tupiniquim.
Todas as crianças brasileiras serão definitivamente afastadas desta “subjetividade”
horrorosa.
Quantas faces tem Javé??
trezentas?? ou tem mais de trezentas, como o Mário de Andrade?? Este é outro
problema muito sério: as divisões intestinas do cristianismo. Cada ego é uma
igreja, ou partido. Católicos e protestantes se matando nas ruas da Irlanda é
uma brincadeira de criança se compararmos com as atrocidades de um Torquemada
ou com o vampirismo capitalista dos neo-pentecostais. Mas vamos admitir que
Maytrea Guerreiro é uma das faces de Javé. Daí, por consequência, teremos que
admitir, também, que as subdivisões do “intestino” de Javé digladiam-se
terrivelmente dentro dele. Seria mesmo assim?? Se for assim, então evidencia-se
que Maytrea Guerreiro, como uma das partes de Javé, tem perdido frequentemente
suas disputas e batalhas contra Calvino, por exemplo, ou Hagin, ou Ratzinger,
já que Maytrea enfatiza muito a distribuição de renda e a acomodação de
diferenças, pois Calvino e Ratzinger são aqueles fundamentalistazinhos
burgueses e fascistóides já de todos conhecidos. São famosos. Inclusive o
seguinte: se eu gosto de Maytrea, o guerreiro e justiceiro cósmico, como já
disse que gosto, então eu estou apostando na vitória de uma das partes de Javé
contra outras partes de Javé, obviamente, embora considere Maytrea apenas como
um dos “campos cósmicos” da minha “falange”, um dos “arcanjos” da minha
“falange”. EU preciso de proteção também, é óbvio. Mas reconheço que existem
algumas pessoas que não precisam da proteção de um “avatar”, ou de uma
“falange”, pois já têm força interior e discernimento intuitivos próprios, como
um dom pessoal, de nascença. Eu não tenho esse dom de uma força interior tão
grande. O meu dom é outro.
Voltando para o moralismo
puritano de Stalin e Jdanov: pra muitos ateus e cientistas egóticos
solipsistas, o ecumenismo é apenas um tipo de superstição, entre outros tipos.
Mas muitos “positivistas” pan-racionais ficaram um longo tempo dizendo que as
ondas gravitacionais também seriam um tipo de “superstição”. Alguns chegaram a
duvidar até mesmo da existência das ondas cerebrais. E outros, mais dogmáticos
ainda, chegaram ao absurdo de querer extirpar a subjetividade e a consciência
no mundo psicológico, como foi o caso de Althusser, que endoidou depois de
matar a mulher. Arquétipos sombrios emergiram das funduras do seu inconsciente,
dominaram sua estrutura mental, e ele não percebeu, nem desconfiou. Dessa
forma, muitos desses ateus e solipsistas egóticos afundaram numa dicotomia
unidimensional horrível, que se recusa a qualquer esforço de conexão com o
Cosmos, de religamento humano com o Universo; e alguns deles então ficam presos numa vida mental e espiritual intoxicada
de ânsia egótica de “fragmentação e poder individual”, separados incuravelmente
do Todo Cósmico. Eis a lombra fudida de alguns “semideuses” terráqueos
extremamente egóticos: SEPARAÇÃO E PODER. E não sou eu quem está pregando o
“suicídio branco” como bandeira existencial. Me poupem. Meu negócio é liberdade
com responsabilidade.
As assombrações que Lutero
via quando estava no banheiro, depressivo, com toda certeza eram também
projeções do seu inconsciente, que se manifestavam como imagens que se formam
entre a retina e o cérebro, mas temos a impressão que estão “fora”. São
diferentes os tipos de “arquétipos sombrios” que, às vezes, são projetados pelo
“id”, e atravessam a consciência atormentada como se fossem assombrações (o
inconsciente é simbólico e produz imagens). E é bom não esquecer que Lutero
aconselhou os príncipes alemães a eliminarem impiedosamente os anabatistas e
seu líder Thomas Munzen, que é uma figura obscura e secundarizada no mundo
evangélico em geral (sempre jogada pra debaixo do tapete “bíblico”). Então os
príncipes alemães fizeram esse serviço “demoníaco” com muito prazer, do
jeitinho que o Lutero aconselhou. Não “caiu” nas drogas, mas “caiu” no
exercício de poder verticalizado, intolerante, vampiresco, e este é o pior tipo
de droga que existe (há diferentes maneiras de “cair”, assim como há diferentes
mecanismos de dominação).
E agora chegamos
especificamente em Pentecoste e na Teologia da Prosperidade (cinquenta dias
depois da Páscoa). Chegamos também nos dízimos e ofertas de Malaquias, e na
mendicância de São Francisco; (antes
de mais nada, quero deixar bem claro que gosto do “Chico lá de Assis”; gosto mesmo, com sinceridade, mas tenho
algumas divergências “pontuais” com ele e com o Malaquias, o que é normal num
regime democrático). Chegamos também nas “glossolalias estrambólicas
transtornadas”, e alucinantes; mas
vamos com calma, porque este assunto é muito complexo e multifacetado. Primeiro
o seguinte: as energias sutis e as microondas (dos diferentes tipos) atuam em
todos os chacras, e em todo o corpo. E existem criaturas que têm o dom de
manipulá-las ou percebê-las com mais acuidade. São os famosos paranormais. A
maioria, ao perceber que possuem esse dom, costumam procurar alguma igreja ou
grupo de religiosidade independente. Nas egrégoras, estas criaturas têm uma
função muito importante, uma vez que, nelas, as energias sutis e microondas
costumam estar mais densas e fortes (elas absorvem e emitem “energias” sutis com
facilidade). Na egrégora, onde estas “energias” se acumulam, quase tudo pode
acontecer, inclusive “milagres”, que são resultantes das influências destas
“energias” e microondas no corpo humano, principalmente nos chacras. E aqui a
esquerda atéia, solipsista e dicotômica, mais uma vez, derrapa, pois costuma negar a existência destas energias sutis e microondas,
que pra ela não passam de meras superstições, ou especulações não-científicas.
E subestimou também os interesses imediatos do ego individual e da família
“tradicional” como núcleo de reprodução da ideologia burguesa (pequenas
vantagens imediatas pra mim e pra minha família).
A maior parte do problema, portanto,
costuma estar no ego do “paranormal” e de seus “discípulos”, ou do “iluminado”
ou “santo”, por mais incrível que pareça, (no eixo ego-Sombra), e não
especificamente na egrégora; (o
sistema de castas que o diga, ou a absurda concentração de renda tupiniquim).
Ele não perde o dom da “paranormalidade” por ter se tornado egoísta e
vampiresco. No mundo espiritual e cósmico, existe uma lei básica que diz assim:
“arcanjo caído permanece arcanjo”, ou seja: ele não perde os dons por ter
“caído”. Salomão permaneceu como um dos homens mais inteligentes da história
humana, mesmo após a sua “queda”. Não perdeu a sua grande inteligência, que era
o seu dom principal. Então não estou duvidando das “forças” e energias cósmicas
que atuam através da confissão positiva, do pensamento positivo ou da fé
unilateral. Essas “forças” existem mesmo. Nunca duvidei. Mas a visão crítica
ampliada depende de uma certa dosagem de “negatividade” autotranscendida, o que
auxilia na percepção da realidade concreta como ela realmente é. E eu não estou
dizendo que quero alternar da positividade para a negatividade, negando a
primeira, ou querendo extinguí-la. Estou apenas atento às alternâncias e
misturas de opostos que acontecem a todo momento no Universo: a famosa UNIÃO
MÍSTICA.
“O ego é a saúde” – diria o
Freud. E o Jung poderia dizer: “a integração da Sombra não deve implicar na
hegemonia da Sombra”. Em Freud, a saúde resultava da adaptação e do
conformismo. Em Jung, resultaria da negociação e dos acordos entre os
diferentes “arquétipos” e subsetores do inconsciente coletivo e individual. Não
será preciso listar aqui todas as desgraças e misérias resultantes do
conformismo interesseiro, principalmente as de cunho neo-liberal ou
neo-fascista. Vocês sabem melhor do que eu. Basta apenas prestar atenção nos
detalhes do dia-a-dia na realidade cotidiana. O prazer masoquista é apenas um
dele. O cinderelismo também. E o poder patriarcal castrador e sua “exploração
do Homem pelo Homem”, chegando até o escravagismo, em alguns casos.
A misoginia seria apenas
mais um detalhe, se grandes “iluminados” ou “santos” não tivessem afundado nela
até o “pescoço”. Como foi o caso do Paulo de Tarso, e de tantos gurus do
patriarcado védico. Do patriarcado islâmico, nem se fala. Vocês sabem melhor do
que eu. (na Psicologia Transpessoal, o amor romântico é uma variante de
“sombra”).
Somatização é outro assunto
polêmico. Na cabecinha dogmática dos fundamentalistas bíblicos, quem somatiza são
apenas os “não-bíblicos”. Quem me garante que a hipocondria do Calvino não era
somatizada?? Quem me garante?? E os problemas de estômago que o Paulo de Tarso
teve durante toda a vida?? (depois que levou aquela queda dum jumento em
Damasco). E o transtorno maníaco-depressivo do Lutero?? E a hidropisia de Santo
Santônio?? Teria ele algum conflito inconsciente, interno, com o “Eu
Superior”?? ou não estava tão seguro assim de suas convicções?? ou o conflito
acontecia com o eixo ego-Sombra?? E o coitado do Francisco de Assis?? Será que
aquele problema grave de intestino resultou apenas das comidas azedas que davam
pra ele?? (quando era monge mendicante). Quem somatiza mais?? quem reprime ou
quem libera??
Mas se eu passar a acreditar
piamente que detenho a chave “metafísica” da “Verdade Absoluta”, posso então
terminar somatizando diversos subsetores do eixo ego-Sombra, a partir das
profundezas abissais do “id”, por consequência da sublimação EXCESSIVA; ou inclusive somatizar também, de
“revestrés”, subsetores do eixo ego-Superego, por consequência de
liberação EXCESSIVA.
Ou até mesmo um sentimento
de culpa monstruoso, aberrante, se incrustar dentro de mim, entranhado,
enquistado na alma, de cima pra baixo ou de baixo pra cima; (sou um homem comum, e nunca quis ser santo nem iluminado: “deus”
que me livre dessa lombra delirante terrível). Não sou nenhum joão-sabe-tudo, nem
sou o dono da verdade “final”. EU, HEIN?? Quero apenas ser capaz de fazer um
autogerenciamento razoável no meu cotidiano. O resto será dádiva “cósmica”, se
vier.
E nem quero ficar pedindo
tudo a Jesus, que já está sobrecarregado, coitado. Não aguenta mais esse bando
de “esmoléus” enchendo o saco Dele, todo dia, e a todo instante. Por que não
usam a força interior, o discernimento intuitivo e a energia pessoal que
receberam do Universo ao nascer, pra resolver sozinhos pelo menos uma parte das
broncas?? Ao invés de ficar querendo que Jesus resolva TUDO. Ele não resolve
TUDO. Resolve algumas broncas, mas não resolve todas. Injustiça social, por
exemplo, Ele não resolve. Ele não é o Universo. É apenas um dos deuses que
surgem das entranhas do Universo. Aqueles que acreditam que Ele é o Universo,
cometeram um grave erro de hermenêutica. Gravíssimo. E ainda tem outras figuras
“espertas” que fazem caridade para não fazer transformação social. Bela tática.
Tem dado certo.
Às vezes penso que Ele
morreu sem entender direito o que estava acontecendo. Acredito que Ele não
entendia bem a realidade concreta do mundo hebraico e romano, ou subestimou a
malignidade humana. Se não foi assim, então por que Ele falou aquela frase
terrível na hora da morte? “Eli, por que
me abandonaste??”. Por falar nisso, é bom lembrar que foi uma assembleia
popular que o condenou, (foi o POVO hebreu), e que existiam outros deuses na
Cananéia quando Javé chegou por lá, com os seminômades do deserto. E então
cuidou de infiltrar-se e abrir uma guerra contra os outros deuses mais antigos
da Cananéia, que eram Asherat, El (ou Eli), Baal, Astart, etc. Abriu uma guerra
civil e ganhou a guerra civil. Fez semelhante a Getúlio. E depois, quando a sua
vitória já estava consolidada, passou a dizer que não existe no Universo nenhum
outro “deus” além dele. É muita arrogância e pendor fascistóide, desse sujeito
indisfarçavelmente contraditório, “bipolar”. E a maioria dos cristãos acabou
intoxicada de antissemitismo rancoroso, depois que os semitas recusaram-se a
reconhecer Jesus como “superior” a Javé. E os islâmicos caem nessa arrogância
exclusivista também, quando afirmam que só Alá é “deus”, e Maomé o seu único
profeta. Durma-se com um barulho desses.
Até aí tudo bem; cada um escolhe o seu “deus”, se o
regime é democrático e se a acomodação de diferenças funciona verdadeiramente
na prática. Mas eu mesmo nunca deixei de reconhecer a genialidade intuitiva do
povo semita. Os hebreus têm, realmente, em seus genes e memes, uma grande
capacidade intuitiva aprofundada e refinada. Moisés e Abraão eram grandes
intelectuais e sábios, no seu tempo, no seu contexto, do Egito ou da
Mesopotâmia. Abraão, inclusive, é pioneiro na noção intuitiva de monoteísmo (do
“deus” dele, e não meu). A Cabala é, pra mim, uma das mais altas elaborações
“ocultistas” de todos os tempos, e antecipou a visão holística e a união
mística em muitos diferentes aspectos. Então não sou antissemita; nunca fui. Minha preocupação é com
determinados poderes estabelecidos, excessivamente verticalizados, vampirescos.
E não com os cromossomos e neurotransmissores desta ou daquela etnia.
Pra finalizar, tem essa
enorme polêmica sobre de quem é a culpa. No hinduísmo, a responsabilidade é do
próprio Universo. Para os hindus, o Cosmos tem as suas próprias Eras (“aeons”),
e ele mesmo altera cada uma conforme seus próprios interesses. Sendo assim,
segundo os hinduístas, estaríamos atualmente na Era de Kalí, uma era de
ganâncias e injustiças. Mas o próprio Universo decidirá o dia e a hora para
mudar de Era. A responsabilidade humana seria apenas fazer esforços pessoais
para a evolução da consciência e da mutação interior, enquanto as mudanças na
Terra seriam de responsabilidade do Cosmos, em si mesmo, segundo os hinduístas.
Já no cristianismo, a culpa
é da criatura humana que, segundo os cristãos, optou pelo “pecado”, através do
livre arbítrio, ao comer a “maçã” de Eva, fazer um “chá” com as folhas da
Árvore do Conhecimento, e cair nas conversas tentadoras de uma serpente
venenosíssima, tipo uma naja ou uma surucucu-de-bage, ou certos políticos
brasileiros, com o seu falso moralismo. (“Money
is God”). Então, desde os seus primórdios, o cristianismo afundou num
sentimento de culpa imensurável e neurotizante. É culpa demais, funcionando
como um mecanismo mental limitador que impede os seres humanos de viverem uma
vida plena e satisfatória; bem
diferente do fardo leve que Jesus pregava. É pesada demais, e praticamente
impossível de ser dissolvida. Queria eu encontrar um jeito de me livrar dessa
culpa horrível, essa máxima culpa. Mas ela está sempre dentro de mim, por mais
esforços de transpessoalidade e mutação interior que eu faça. Têm sido
infrutíferos os meus sinceros esforços. Tem hora que essa culpa parece tatuagem
psicológica irremovível. Mas eu reconheço que uma dosagem pequena ou média, dessa
culpa, poder ter uma função positiva no jogo mental, atuando como um alerta ou
um necessário acicate interno, para incentivar os esforços pessoais de mudança
interior, desde que não seja excessiva nem neurotizante.
Tenho sinceras esperanças
que Maytrea Guerreiro, o arauto ecumênico da justiça cósmica, me ajude nessas
horas aperriadas e agoniosas, porque sozinho não tenho conseguido dar conta de
tantas batalhas medonhas.
OREMOS.
EFEITOS COLATERAIS DE CONVICÇÕES ALTERNATIVAS
O ser humano, essencial e imanentemente, é uma criatura feita de contradições (pares de “opostos”), e multifacetada (infinitas faces). E são essas inúmeras facetas, de todos os tipos, que fazem com que inúmeros efeitos colaterais apareçam de forma imprevisível, como tiros saindo pela culatra. Ninguém escapa. E com os “alternativos” e politicamente corretos não é diferente. O meio sócio-ambiental, por sua vez, é ainda mais multifacetado e complexo.
Em meados da década de 80, quando iniciei minhas aproximações com a luta “ecológica” (ou anti-positivista), essa luta ainda era vista, principalmente nos meios sindicais e acadêmicos, como coisa de maluco, ou de “viado”, ou como um fricote pequeno-burguês (havia um enorme “pré-conceito”). Enfim: um desvio “ideológico” ou existencial para ser evitado. Hoje virou moda, e qualquer bostinha arvora-se em defensor do meio ambiente ou do politicamente correto, e acha que está sendo o “máximo”, a vanguarda da vanguarda, ao defender bandeirinhas infantilóides do tipo: não mate nenhum bicho, plante uma árvore, não mije na grama, seja absolutamente pacífico, mande uma cartinha para o presidente, nunca use linguagem chula, etc.
Quando, finalmente, a resistência “alternativa” (em geral) começou a ser encarada com alguma seriedade, e seus ativistas deixaram de ser vistos como inimigos da “normalidade” e da “ciência”, uma das preocupações que emergiram, entre aqueles que tinham mais lucidez, foi justamente o perigo de que elas se transformassem num novo fundamentalismo, e não apenas uma chatice repetitiva. Só não imaginávamos que aquele pendor, avizinhando-se, chegasse ao ponto de assemelhar-se a certos impulsos “microfascistas” (era o ovo de uma nova serpente?). Pois é justamente isso o que parece acontecer, na atualidade, com algumas bandeiras daquela resistência cultural, junto com limitações perceptivas específicas, relacionadas a determinados efeitos colaterais de convicções alternativas, em certos aspectos da realidade social, ambiental, sexual, cultural, etc, etc. E essa “pasteurização” alternativa, assumindo ares de dona de verdades inquestionáveis, é muito perigosa: abre precedentes muito perigosos. Vejamos alguns casos.
a) Vegetarianos são bons, e onívoros são maus.
Esse tipo de postura é uma bela dicotomiazinha para espíritos estreitos. Como é que esses “transgressorezinhos” não vêem que isso não passa de um maniqueísmo qualquer? Quem foi que disse que, a priori, vegetarianos são melhores ou piores que onívoros? (Nunca esqueçam que o Hitler era vegetariano). Ninguém torna-se melhor ou pior pelo simples motivo de que só come verduras. A carne também tem as suas funções orgânicas, a sua importância alimentar. Se a ciência ainda não inventou um tipo de morte indolor e instantâneo para animais, já devia ter inventado. Porque eu não posso comer uma codorna ou um coelho sem ser taxado de “monstro carnívoro”? Estão demonizando a diferença, obviamente. E se passarem a perseguir os que pensam e agem diferente?
b) Héteros são maus, e homos são bons. Machos são o Mal, e fêmeas são o Bem.
Essa é outra dicotomia maniqueísta horrível. Uma de suas consequências é a demonização da masculinidade natural. Nenhum ser humano é desprovido das pulsões de ego e poder. O problema está em determinado tipo de poder exercido. E este tipo de poder não é prerrogativa exclusiva de machos, nem de fêmeas, nem de homos, nem de héteros, nem de brancos, nem de pretos, nem de índios, nem de ocidentais. Qualquer tipo de criatura humana pode exercer este tipo de poder. (Esqueceram a Condoleezza? E o Paiakan estuprador? E Papa Doc? O Júlio César era bi. Mais tirânico impossível. Diziam dele os romanos: É marido de todas as mulheres, e esposa de todos os homens). Os tupis, nas suas guerras de conquista do litoral, protagonizaram violências tenebrosas. O que eu estou querendo dizer é o seguinte, meu velho: ninguém é inquestionável ou intocável. Se você receber ironia, devolva ironia. Não devolva censura, ou postura “ditatorial”, castradora. Héteros têm o direito de ironizar homos, e homos têm o direito de ironizar héteros. Este é um país democrático. De que adiantaria substituir um fascismo hétero por um fascismo homo? Ou um fascismo branco por um fascismo preto? Ou um fascismo de calças por um fascismo de saias?
c) As crianças são puras, e os adultos são impuros.
Ninguém é puro. As crianças não são puras. Elas são inconscientes. Estamos, portanto, diante de um problema de inconsciência, e não de “pureza total”. A ilusão de que a condição infantil corresponde a um estado “absolutamente puro” é mais uma estupidificação imposta pela “normose” coletiva. A criança, com frequência, é invadida por setores do inconsciente em “estado bruto”, e esses setores tanto podem vir do “pólo” positivo quanto do “pólo” negativo (exteriorização do “id”). Ego infantil é bronca pesada, meu irmão. E este mecanismo é, na maioria dos casos, um mecanismo inconsciente, e não uma pureza em si mesma. Mas um adolescente já tem bastante consciência do que faz; até mesmo por conta da evolução perceptiva humana; o que faz com que, num adolescente, a percepção do que é certo e errado já esteja, na maior parte dos casos, quase que plenamente desenvolvida. Por essas e outras, sou a favor da maioridade aos dezesseis (é preciso, também, rever o conceito jurídico de puberdade penalmente inimputável, e admitir a possibilidade de punições para os diferentes tipos de delitos e infrações cometidos por pré-adolescentes e adolescentes).
d) A pena de morte é nociva em si mesma, e em todos os casos.
Mais uma balela, um “factóide”. Quem foi que disse que a pena de morte, em todos os casos, é sempre uma barbárie ou uma posição “fascistóide”? Pode ser e pode não ser. Há casos em que, certamente, essa punição poderia funcionar como um inibidor de “certas” barbáries (seria apenas um fator entre outros fatores para inibir o exercício de “certas” criminalidades: não é panacéia). Eu aplicaria uma injeção letal no sujeitinho que estuprasse a minha filha de onze anos (seria bom ele pensar duas vezes antes de cometer tal delito). E por isso tornar-me-ia menos ou mais fascista que qualquer moralistazinho de plantão? Tornar-me-ia pior ou melhor que qualquer outra criatura contraditória ou unilateral? E o que acham da castração química de pedófilos? Eu sou a favor. Será que eles pensariam duas vezes antes de “seduzir” crianças, ao imaginar o momento da “capação”?
e) Autonomia total para algumas reservas indígenas.
Aí já é o fim da picada. Somos um único país, uma única nação. Unidos somos mais fortes. O Brasil cabe todo mundo. Vamos lutar juntos pelos direitos dos índios, e negociar a autonomia possível. Juntar forças para a luta por justiça social e acomodação de diferenças. Mas uma autonomia total corresponde, na prática, a um outro país. Uma reivindicação dessas faz com que a população fique “de orelha em pé”, justamente num momento em que circulam fortes boatos de que ianques e europeus estão fazendo “lavagem cerebral” em índios da região norte, e impondo limites ao tráfego de brasileiros dentro de algumas aldeias, em cujos espaços os índios já não falam o português como segunda língua, mas o inglês e o francês. E aí alguém poderia cometer crimes num país e se refugiar em outro para fugir das leis que deveriam ser as de uma única nação. Pode ser apenas boato, mas também pode não ser. Se for real, então está claro que, por trás disso, há mesmo planos de ocupação de amplas áreas amazônicas através de estratégias sorrateiras e capciosas, a médio ou longo prazos. Por que o governo ainda não fez investigações sérias sobre isso? A meu ver, se tudo isso for verdade, o exército brasileiro deveria cair de “pau grosso” em cima desses primeiro-mundistas fuleiros.
f) Homossexuais nas forças armadas.
Pode ser. E também pode não ser. Alguns certamente têm alguma vocação para a profissão de guerreiro. Mas outros não têm, e dificilmente se ajustariam às exigências da vida militar. E nesse caso não deveriam insistir em algo para o qual não foram “escolhidos”, vocacionados. Eu mesmo sou poeta. Não tenho vocação para a profissão militar. Por que deveria insistir em ser um militar? Certamente seria um péssimo profissional da guerra, se insistisse em seguir essa carreira, uma vez que não fui “talhado” para essa profissão. Vamos discutir caso a caso, portanto. E uma vez que cada um tem as suas especificidades, uns ficarão e outros não ficarão. Muito “simples”.
g) O guerreiro é maligno. E o pacifista é benigno.
Outro dualismozinho para espíritos estreitos, bem estreitos, unilaterais até o tutano. A principal conseqüência dessa postura é a incapacidade de autodefesa. Mas é também uma tática para desarmar inimigos. Bela tática. Que perigo traz um inimigo incapaz de se defender? Tá neutralizado, e dominado. Sem falar que boa parte dos pacifistas são cúmplices indiretos de poderes reacionários. Vejam o caso dos brâmanes, que são parte da sustentação do sistema de castas indu (cúmplices de um determinado poder; e nenhum poder é exercido sem violência instituída, direta ou indireta). A maioria desses “iluminados” são “absolutamente” pacíficos e vegetarianos. Aqui no Brasil não são poucos os pacifistas que, sorrateiros, são politicamente reacionários, gente da “direita”, pró-capitalismo “selvagem”, cúmplices capciosos de violências instituídas, diretas ou indiretas, e que concentram renda, vampirizam, e implantam injustiças sociais crônicas. Eis outro pendor da mentalidade ocidental: diabolizar completamente o ódio, a violência e a morte. E endeusar totalmente o amor ingênuo, a paz atrofiada e a vida cega. Não conseguem ver a alternância e a síntese de contrários como algo essencial quando o assunto é a condição terráquea. Não conseguem ver que cada coisa tem a sua função, mesmo que circunstancial. E que o mais importante é a autopercepção e a autorregulação, ao invés da “extinção” de um dos pólos de qualquer bipolaridade (estou escrevendo uma crônica sobre as funções do ódio e do ego, quando transcendidos e autogerenciados). Vale o mesmo raciocínio em relação ao prazer e à dor. Se alguém aprende com o prazer, isso é ótimo. Mas existem determinados tipos que só aprendem com a dor (função didática da dor, grande mestra): modificam-se apenas as dosagens circunstanciais, ao invés de tentar extirpar completamente a dor na condição terráquea (na bipolaridade prazer-e-dor). A hegemonia absoluta do prazer, e a ausência total de dor, obviamente, corresponde a uma “atrofia” mental. Nem sempre violência gera violência. Às vezes sim e às vezes não. Muitas vezes acontece de gerar “prevenção” ou recuo. A Nova Zelândia fez um segundo referendo sobre a “palmadinha” (em 2009), e a maioria votou a favor, revogando outro referendo de 2007, desde que fossem estabelecidos limites, obviamente (eu mesmo levei muitas “palmadas”, e mereci todas; nem por isso virei masoquista ou fiquei traumatizado: subnutrição infantil traumatiza mais do que palmadinhas).
h) A felicidade deveria tornar-se uma lei.
Que babaquice. Só faltava essa. Que estupidez. Quantas leis aprovadas, mas que nunca foram aplicadas, existem neste nosso país fudido? Uma das consequências indiretas desse tipo de postura infantilóide (no geral) é a excessiva enfatização de aspectos secundários para desviar de aspectos realmente fundamentais (aqueles mais “desveladores” da realidade concreta, os principais pontos de “estrangulamento”, aquilo que é mais problemático e terrível, como dizia o Frederico). Sem falar na concepção de felicidade de alguns “otários alternativos” ou politicamente corretos, que é uma concepção que confunde bonomia com ingenuidade, ou acredita em uma ausência total de dor; e tudo isso acaba servindo apenas para os dominadores manipularem como um exercício de fragilização do outro, visto sempre como um concorrente (imbecilizar para facilitar a dominação).
i) Determinados tipos de linguagem devem ser descartados.
Outro “factóide”. E dos mais perigosos. Este frequentemente aproxima-se de microfascismos. O George Orwell sempre alertou para os riscos desse tipo de postura. Inclusive, no romance “1984”, o Orwell criou um termo chamado “novilíngua”, que designava justamente uma estratégia de governos ditatoriais e totalitários para impedir a expansão da consciência (e da visão crítica) através do encurtamento de opções semânticas, lexicais, literárias, etc. Então devemos estar sempre com os olhos bem abertos, para não cairmos em discursozinhos estreitos e castradores, ou em efeitos colaterais extremamente restritivos, em nome de determinadas bandeiras aparentemente “libertárias”. Se eu não posso dizer que o feio é feio, que o babaca é babaca, que o escuro é escuro, que o branco é branco... então, meu caro, outras restrições certamente virão, no rastro de “estranhos” e suspeitos precedentes, em nome do politicamente “correto”. Todo cu dado é pouco. Se ligue. Estamos ou não estamos num país democrático? Podemos ou não podemos emitir qualquer opinião em qualquer linguagem? Estamos, mais uma vez, diante de novos tipos de déspotas “esclarecidos”? Estamos lutando por igualdade ou estamos lutando para substituir a supremacia de um “campo” sobre outro “campo”?
j) O pendor para decidir a partir de cima.
Pelo que eu sei, este pendor era comum entre os inimigos da cultura alternativa e/ou libertária. Que tal acostumarmo-nos a fazer referendos e plebiscitos? Ao invés de decidir tudo no Congresso Federal ou na Assembléia Legislativa ou na Câmara de Vereadores, ou em qualquer “cúpula” iluminada, E DEPOIS EMPURRAR DE GOELA ABAIXO. Vamos aprender, definitivamente, a decidir em conjunto, da forma mais ampla possível. E a melhor forma de fazer isso é através de referendos e plebiscitos. E vamos aprender também a deixar brechas e possibilidades para futuras mudanças necessárias, inclusive antecipação de eleições e revogação de mandatos. Que tal? O governo brasileiro foi derrotado no plebiscito sobre o desarmamento. Por que ainda não promoveu modificações jurídicas para se ajustar a esta decisão popular? Eu quero e preciso andar armado, mas quero uma arma legal, um porte legal. E usá-la de forma responsável será um dever meu. O meu autocontrole será posto em prática para que eu a use apenas quando for estritamente necessário. Qualquer deslize, pagarei um “preço” pelo meu erro, o que é justo.
l) A velhice é a melhor idade.
Das duas uma: um eufemismo capenga desses é ingenuidade ou hipocrisia (demagogia barata). Velhice é bronca mesmo, problema sério. Eu mesmo não quero tornar-me um velhinho imbecilizado, desvinculado da realidade (já estou com 51 anos e com alguns problemas de saúde: o corpo já começa a fragilizar-se); portanto preciso ver a minha situação real, e não ficar me iludindo com conversinhas bobas que me dizem que estou na melhor idade. Quero estar com as faculdades mentais bem “acesas”, com a visão crítica bem aguçada, com os pés bem plantados no chão, ao invés de acreditar em “histórias da carochinha para mimar velhinhos”, para fazê-los esquecerem a realidade concreta. Isso acaba sendo nocivo às avessas, pois dificulta a percepção do real.
Bom, há outros aspectos nessa questão dos efeitos colaterais de convicções “alternativas”. Abordei apenas alguns dos que estão em evidência na atualidade. Mas a estupidez não tem fim. É polimorfa. Muda de rosto. Alterna os seus “contrários”. Mas será sempre hegemônica? Então, meus caros senhores e senhoras “bonzinhos”, vamos com muita calma com esse andor da pureza e da perfeição “alternativa”, ou do politicamente correto, já que tudo é multifacetado, imprevisível, enviesado, bipolar. E, de repente, um dos vossos “tiros” podem sair pela culatra, fazendo um efeito avesso, ou trazendo uma contradição inevitável. Não é mesmo?
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTambém acho super importante essa atitude de não "turvar as águas", Lara. Isso que a gente vê em alguns poemas, esse "profundo-forçado", que até cheguei a produzir. Importante é falar claramente e não confundir a cabeça do leitor. Quanto a tentar conciliar a forma com o conteúdo, também é bastante interessante. Tem uma música do Renato Russo, por exemplo, que chama "O Livro dos Dias", a última do disco "A Tempestade". Ele usa a forma da poesia clássica, mas não pra retratar um feito heróico como fizeram Homero, Camões, mas põe um conteúdo existencialista na coisa. Ele dosou, uma experiência que pode ser empregada com uma gama de outros elementos, vamos dizer, como tu colocou, dos dois "eixos principais" da literatura
ResponderExcluirAqui tem a música, se tu quiser dar uma sacada: http://www.youtube.com/watch?v=H3qRF0cbJqw
Quanto à música de uma forma geral, a importância de procurar outros aspectos, em outras produções que não só a nossa, a regional, é muito válido. O Frevo é um som muito bom, com Capiba, Claudionor, Alceu, que compõe alguns, e muitos outros - me desculpem os que não citei. Só que o Samba também é um som interessantíssimo e tem seu alvorecer no Rio, em São Paulo. O Jorge Ben Jor, tem uma poética incrível nas letras. E como ele, existem tantos outros. Por isso é importante o que tu citou, buscar em outras áreas o que eu não tenho aqui, pra depois juntar os pontos interessantes e fazer, criar coisas novas. Adorei o artigo, espero ler muitos outros como esse, Lara. Tudo de bom, cara!
Concordo com o jovem Bartô.
ResponderExcluirLARA
Valeu, Lara!
ResponderExcluirO Cara arrasa e nunca é rasa a fala de Lara
ResponderExcluirTROVA DE POETA
Quando o poeta solta o verbo
e sentencia a sua verve
O sentimento vem à tona
e a poesia emociona
Qualquer poema serve.
Quando o poeta em seu delírio
faz da palavra o seu ofício
A obra nasce com requinte
e o negócio é o seguinte:
Viver de amor, morrer do vício.
Grande Heldemárcio, morrerei do vício da literatura: ela é a minha cachaça.
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