segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ARTIGOS



O MOVIMENTO ARMORIAL E SUAS ARMAS E BRASÕES

ARISTOCRÁTICOS OU OLIGÁRQUICOS.

(a aristocracia sertaneja em armas)


Sempre tive uma visão bastante crítica sobre o Movimento Armorial.

Embora tenha abordado, também, alguns aspectos positivos desse movimento cultural.

Pois não abordei apenas aspectos negativos ou “lacunas” (propositais ou não).

E a questão da identidade étnica é multifacetada e muito complexa. O que “inviabiliza” uma

postura unilateral ou “totalitária”, a favor ou contra.

Sendo assim, vou tentar colocar esse artigo em alguma espécie de “meio-termo” ideológico e existencial. Sem exagerar na ênfase sobre os aspectos negativos, ou falhas, ou “lacunas”.

Vou começar pela questão da “estética e estilo” VERSUS “classe social e existência”.

Não se trata, obviamente, de desqualificar o lado estético em nome de uma ideologia classista ou politicamente “de esquerda”.

Os aspectos melódico, plástico, poético e prosaico, do Armorialismo, são altamente elaborados, além de terem um interessante teor de reforço da identidade étnica sertaneja e nordestina

(em sentido amplo, “por tabela”).

Mas, por outro lado, o combate classista e existencial contra o machismo sertanejo e a exploração do Homem pelo Homem no Nordeste brasileiro é, realmente, um combate insuficiente ou secundarizado, dentro do Movimento Armorial e “Regionalista”. (Evidencia-se. Percebe-se.)

Aí, então, fala-se pouco em machismo sertanejo ou sobre os lucros da burguesia nordestina ou sobre a acumulação de “excedente” pela “aristocracia” do semi-árido em geral, por exemplo. Ou da exploração de camponeses por fazendeiros inescrupulosos. ETC.

Enfim: há insuficiências ideológicas e “culturais” no Armorialismo e no Regionalismo Nordestino também. (são famosas as “moderações” no escravagismo, do Nordeste, feitas principalmente por Gilberto Freyre e outros “freyrianos”, ou “pós-regionalistas”, ou assemelhados, por assim dizer.)

Tenho alguns textos sobre esse assunto. E reproduzo aqui uma passagem de um deles:

“Aqui em Pernambuco, a guerrinha existencial começa entre Gonzagão e os hippies, ou melhor: entre o patriarcado sertanejo “quase-medieval” e a cultura “alternativa-contracultural”, emergente a partir dos primórdios da década de 60. (ATUALMENTE o referido patriarcado, ultraconservador, tem emergido, na maioria dos casos, como fundamentalismo bíblico “recauchutado”, ou em alguma variante de “normose” coletiva, castradora e vampiróide).

Foram muitos os conflitos pesados. Alguns, inclusive, tornaram-se tabus, e a consciência coletiva nordestina sempre preferiu evitá-los: aquela velha história de jogar pra debaixo do tapete ou empurrar com a barriga, disfarçando. E assim tivemos guerrinhas horríveis entre armoriais e tropicalistas, por exemplo. Sem falar no bate-boca entre Fred 04 e Ariano Suassuna, na década de 90, ou a extinção do grupo Ave Sangria, na década de 70, por motivos mais “existenciais” que ideológicos; como é do conhecimento da maioria dos pernambucanos.”

Mais outra passagem: outro trecho de outro texto, embasado na relação entre o épico/erudito, de um lado, e o popular/regional, do outro lado :

“Dentro da Geração 65, havia espaço para experimentações no estilo, no formato e no enredo. Mas havia “sérias” limitações ideológico-existenciais no conteúdo. Tanto é que a maioria dos seus membros tornaram-se politicamente centristas, apesar de terem resistido à ditadura militar; e depois migraram para partidos como o PMDB, o PSB e o PDT, (principalmente estes três), que são partidos cuja trajetória terminou em uma hegemonia interna de setores “centristas”, mormente a “centro-direita” propriamente dita; embora, com o passar do tempo, alguns setores de centro-esquerda, e esquerda DEMOCRÁTICA, tenham crescido dentro destes referidos partidos, PRINCIPALMENTE NO PSB E PDT.

No campo especificamente existencial, e em outros campos específicos, parece ter havido alguns avanços; mesmo que, também, com algumas limitações na resistência cultural, filosófica e sócio-econômica.”

E mais essa:

“Tem muita gente insistindo pra mim falar sobre Literatura ou literariedade;

ao invés de falar sobre ideologia e “episteme”.

(é a mesma velha querela e o mesmo velho quiprocó d’antanho).

O Oswald, de Andrade, extremamente irônico, das Cantigas de Escárnio e Maldizer, sardonicamente apelidou os canônicos brasilenhos de “ cartolas da Senegâmbia ”:

era uma referência às “ratazanas” das academias, e ao Rui Barbosa, ironizado como uma estrambólica subespécie de super-CDF.

Mas esse quiprocó purgatorial, das “antrolas”, tem a ver, também, com o embate sonambulesco entre literariedade e ideologia. Ou melhor: uma variante de “ARTE PELA ARTE” contra uma variação de ARTE “ENGAJADA”.

E ainda esse:

“É claro que nenhum nordestino, em sã consciência, vai propor a dissolução de sua identidade étnica, em nome de um “estrangeirismo” qualquer, por mais “avançadinho” que seja. Mas existem simbioses que podem resgatar essa identidade, combinando-a com outras heranças artísticas, como foi o caso do Manguebeat, que resgatou a sonoridade dos maracatus e afoxés, misturando-a com a herança psicodélica.”

Então, realmente, eu não estou “tergiversando”, ou fazendo filtração “classista”, de um tipo ou de outro. Pois estou falando de alicerces reais e fatos cotidianos. Além de evidências fortes.

E nunca é demais repetir: não se trata de, todas as vezes, secundarizar os aspectos melódico e estilístico; (pra priorizar os aspectos classista e psicológico ou existencial): tenho dito e repetido.

Então... não me venham com esse “dispautério” de me acusar de querer diluir a identidade étnica sertaneja ou diluir a literatura na vida e na filosofia. (eu, hein??)

Até porque, além da oligarquia latifundiária e administrativa do sertão e do Nordeste, o “misticismo” e a religiosidade armoriais estão calcados num esoterismo medievalesco muito parecido com o “catolicismo” conservador e politicamente “reacionário” da Renovação Carismática; (guardadas as devidas proporções e detalhamentos diferenciados).

Sem falar que o cordelismo e o “romançal” regionalista da primeira metade do século 20 não questionavam os alicerces culturais do machismo sertanejo, da oligarquia do semi-árido nordestino, do patriarcado vampiróide regional, da “normose” burguesa nordestina, etc.

Quando questionavam, como foi o caso da Geração de 30, tratava-se de um questionamento insuficiente em relação às diferentes nuances do incipiente capitalismo no Nordeste e da exploração do Homem pelo Homem na zona rural sertaneja e agrestina. (é a velha tática de priorizar o

lado estético em detrimento do lado classista).

E tem também a questão do purismo melódico, “plástico” e literário; que sempre recusou-se a qualquer possibilidade de simbioses, sinergias e “misturas” com outros campos artísticos. Como foi o caso com a “psicodelia” nordestina, a contracultura e o Mangue Beat (como já falei).

Este, inclusive, conseguiu resgatar, da areia movediça de um “limbo” cultural preocupante, a sonoridade “afro” e “de raiz” regionalista (em alguns detalhes específicos), que estavam afundando num ostracismo que parecia irreversível em meados da década de 80.

* o Maracatu e o Coco são exemplos de um resgate “simbiótico” que aconteceu junto com a sonoridade psicodélica e “alternativa”, entre outros. (tou repetindo propositalmente).

Quanto às “armas”, sabemos o quanto é belicosa a oligarquia e a aristocracia sertanejas

(e nordestinas, por tabela). Sabemos.

Há um rastro de sangue, mortandades e vampirismos na trajetória desses “brasões” e dessas “heráldicas”.

A revolução de 30 é bom exemplo. Quando os coronéis “semi-feudais” digladiaram-se mortalmente com a pequena burguesia assalariada e “progressista” da incipente industrialização nos centros urbanos de porte médio e das capitais brasileiras na segunda parte da primeira metade do século 20. Onde a maioria dos armoriais e “regionalistas” tomaram partido ao lado dos coronéis, conservadores e “direitistas” daquela época (ou centristas “à direita”, ou quase isso).

É um fato. E é inegável. (com raras e honrosas exceções).

Não é mesmo?? (ou eu estou tergiversando??).

E tem outro detalhe problemático nesse fuzuê “ideológico-existencial”: os defeitos do povo brasileiro (típicos da bipolaridade humana). Os aspectos negativos do “zé-povinho”: conformismo, assistencialismo cooptado, conservadorismo popular, apego aos genes, covardia esperta, imediatismo egótico, etc. Mas os “armoriais” e “regionalistas” enfatizam quase-que-exclusivamente os aspectos positivos, principalmente a criatividade artística desse povo. Então o que temos, nesse caso, é um povo “irreal”, um simulacro “pop”; uma fantasia cultural, desconectada da realidade concreta (que é “bipolar”), e no formato de um arremedo “classista”. 

Um fingimento “ideológico”. Uma conversa “pra boi dormir”. Apesar dos inegáveis aspectos positivos.

Não é verdade??

 

Mas eu não vou me alongar.

Pra mim chega, por enquanto.




JESUS, MARX E CROWLEY.
(pequeno ensaio romanceado)

Jesus não era exatamente Peixes, pois já era “Aquário dentro de Peixes”, em pequenas dosagens, é vero, mas o bastante pra atrapalhar a quantidade de pimenta no acarajé semita. Ele herda os genes e “memes” da linhagem de Jessé. Uma corrente sanguínea de grandes guerreiros e estrategistas geniais da última moda na tecnologia de guerra mesopotâmica. Seminômades da Samaria, arameus, sidônios, hititas, acádios. E frígios encastelados no centro da Anatólia e no Cáucaso, ao sul da Alânia Antiga.
É claro que ele dava “selinhos” em Madalena. Nas praças públicas. E Pedro não gostava nem um pouco disso. E o patriarcado semita ainda tinha suas dívidas cármicas com a morte e o sangue de antigos guerreiros heteus.
Porém...
a Cabala Mística também sobreviveu em subterrâneos sanguinários até aqui. Milagrosamente.
Até a chegada do verão de 1965.
Atenção, garotos: o “superego” não é o “eu superior”. Nem Bagdá é Babel. Nem cocote célebre “vintêige”. O útero cósmico bipolar, artificial, fervilhando bits infinitesimais e microondas fuderosas de todos os tipos e tamanhos. Todo tipo de informação randômica e semicaótica. (a BESTA FERA comendo jambo nos caritós do sertão.)
Passarinho que engole jabuticaba, sabe o furico que tem.” (já dizia a antiga sabedoria pop agrestina e litorânea: exatamente na fronteira entre a mata e o agreste.)
Foi o que aconteceu com Rosa Luxemburgo e Oscar Wilde quando escolheram uma estratégia de ataque frontal contra o acampamento da federação de tribos saxônicas, teutônicas e turíngias. Estraçalharam os próprios dedos, dando murros em pontas de facas da aristocracia alamana e anglo-saxônica ancestrais.
Amós atacava os excessos de agiotagem dos “fariseus e saduceus”. E o Yeshua atacava o patriarcado farisaico no centro da Judéia.
E também era preciso muita coragem para dizer certas verdades diante da corte de Herodes e Tibério, os grandes. Como fez João, o Batista, e seu primo Yeshua. Arriscar a própria vida para defender uma “mundiça” ESPIRITUAL que depois vai traí-lo. (ele estava alimentando cobras que irão mordê-lo depois).
Obsessões paranóicas da coletividade aramaica e otomana. Assírios e hebreus derramando o sangue azul do faraó. E moabitas subindo até o coração do norte judaico.
Os furúnculos de Marx não passam de poeira assentada diante da cabeça decapitada de João Batista. As “transgressões” de Crowley não passam de meros devaneios diante do harém de Davi. (mera teoria).
Mas convenhamos: havia um mínimo de “distribuição de renda” no reinado de Davi. Um “mínimo” que deixou de existir depois que seu filho Salomão assumiu o trono, pois a “concentração de renda” assumiu ares fantásticos durante este reinado cheio de putarias generalizadas: com rainhas e princesas de outros templos cananeus.
E convenhamos também: muitos profetas semitas lutaram contra as injustiças sociais do seu tempo. Outros pagaram com a própria vida. Alguns “enlouqueceram” no enfrentamento contra aqueles poderes terríveis e aqueles vales de “sombras” e mortes. E vagaram transtornados pelas vilas e distritos da Galiléia. Uma herança de luta “ideológica” que muitos fundamentalistas esqueceram, e esta herança quase não existe em outras religiões, principalmente devido à enorme dificuldade de combinar a luta “espiritual” com a luta por justiça social. Não esqueçamos que Jesus era plebeu, e Gautama era príncipe.


Eros submetido ao autogerenciamento humano: eis o “evangelho” de Crowley, e de Epicuro, e Jesus também, por incrível que pareça. (meandros profundos da força interior própria.)
Mas falar de Crowley é como falar de cálculos infinitesimais e probabilísticos atormentados e inseguros. Ou de um Saturno atribulado seguindo o rastro das bacantes dos guerreiros trácios. Ou de um casamento aberto infernal; altamente purgatorial.
Pouco equilíbrio no caminho do meio, mas até que nem tão desequilibrado assim. Até que nem tão patológico assim.
(Crowley foi DETURPADO pelos anarquistas autodestrutivos e “suicidas” da contracultura na Década de Sessenta, no Primeiro Mundo, no auge das orgias hippies). E aqui repassem mentalmente a guerrinha fuderosa entre cirenaicos e epicuristas na antiguidade clássica, e repassem também o fato de que Freud falava em “autossublimação não-repressiva”: é preciso muito cuidado pra não confundir esta verdade psicanalítica com “mais-repressão patriarcal”.
Porém...
nem Jesus nem Epicuro engravidavam “empreguetes”, como fizeram Marx e Abraão. (nem repassavam DSTs sorrateiramente.)
O Yeshua “transava” com Madalena, e bebia vinho, mas era tudo controlado dentro dos limites de um ritualismo cananeu e “esotérico” rígido. E ele não engravidou Madalena: não me venham com esse capcioso e cromossômico factóide merovíngio.
Certamente Madalena não engravidou porque usava algum tipo de “tabela”, gerenciando os momentos de período fértil. Será?)
Mas o Yêshua não andava bebão por aí, nem “altamente lombrado”, pelas ruas escuras da Samaria, e nem azarava “coquetes” piradas na Araméia. (era tudo eventualmente ritualístico, e exercido sob rígidos limites pressupostos por um novo “gnosticismo” cananeu, a nova igreja de Tereza d’Ávila paranormal e do Frei Beto holístico, mas que não incluía rebentos sob a direção da “aurora dourada” normanda nem da suástica “invertida” merovíngia, nem do neo-fascismo dos Hell Angels.)
Tenham calma.


Os zelotes eram apenas “10.000” homens no entorno da fortaleza de Massada.
Tibério, no auge, tinha “250.000” homens, no total, entre italiotas, protogregos e mercenários “caucasianos”, ou “vikings” também (famosa guarda varegue): de vez em quando, raramente, eventualmente, como foi o caso dos normandos no nordeste da França, no gloriosíssimo Sacro Império Romano-Germânico. (um “estado-tampão” de grande eficiência durante um século-e-meio, dentro do QG merovíngio e franco-viking.)
Algo semelhante à mistura entre eslavos, arianos e tártaros na parte norte dos mares Negro e Aral, ou na corrente sanguínea das aortas inchadas de Moscou e Kiev.
(um novo patriarcado “hebreu-protestante”, mas agora com um viés “esotérico” bastante acentuado; porém correndo o risco de transformar-se numa nova ortodoxia fundamentalista, um novo dogma do cristianismo ortodoxo das primeiras tribos eslavas e varegues.)
Pois é.
Então tá.
Só que, de revestrés, de soslaio, generais moabitas planejavam novos momentos estratégicos, ou táticos, por dentro mesmo do próprio Sinédrio, infiltrados, capciosamente, às vezes.
Mercenários proto-armênios, neo-babilônicos, jebuseus, arameus e sidônios esperavam a melhor hora para o bote da águia moabita sobre o pescoço da ovelha semita. Porém o “nó-de-porco” era o seguinte: fazer confronto direto com o Império Romano num momento daquele seria suicídio: e o Yeshua sabia disso. Ou seja: Yeshua sabia TUDOOO.
Não sabia apenas sobre “reinos do céu interior”. Sabia também como relacionar tática e estratégia. Por essas e outras, quando o assunto era “introvisão aprofundada”, ele dizia assim sobre os fariseus e saduceus: “nem entram e nem deixam entrar”.
Então o mais inteligente seria investir na percepção ampliada e na mutação interior pra, apenas algumas décadas depois, dar o bote maior, no momento certo, como fez Moisés, ao insistir pra que o povo hebreu esperasse quarenta anos no deserto, preparando pacientemente os avanços na “tecnologia” de guerra e na “espiritualidade” ética.


Os essênios habitavam estranhas cavernas em Qumran, numa área desértica entre Massada, o Mar Morto e a região sudoeste da Jordânia, próxima à Nabatéia, e diziam que “tudo é luz”. No sudeste ficava Moab, Edom e algumas tribos árabes emergentes, caindo para o sul do Nilo.
Em cima, nas planícies cananéias, os fariseus e saduceus pintavam e bordavam. (o patriarcado da Casa de Jessé decidindo as vidas e as mortes.)
E os sátrapas romanos também.
Hordas de nabateus, “hicsos” e proto-árabes atropelavam todo o Vale do Nilo, principalmente no sul do Vale, mas também em algumas áreas do norte egípcio.
Porém...
OS ESSÊNIOS ERAM PACIFISTAS E VEGETARIANOS EMPEDERNIDOS, e não viam com bons olhos a metalurgia guerreira dos zelotes (nos entornos da fortaleza de Massada). Nem a metalurgia de Ogum na umbanda sincrética e holística de Angola.
Nem a cooptação farisaica de plantão, nos gabinetes dos tenentes romanos e escribas fundamentalistas.


Muitas fêmeas sempre estiveram ao redor de Jesus, e próximas também.
Gautama admitiu mulheres como discípulas já perto da morte.
E tudo indica que Madalena tinha mesmo um casamento “ritualístico” com Yeshua. Onde os momentos de sexo eram rigorosamente controlados por sacerdotes essênios e canaanitas, provavelmente. Quero dizer: não havia, realmente, nenhum pendor para o destrambelho do “furor uterino” nem para a esculhambação da “Escola de Cirene”, ou para as antigas procissões dionisíacas no sul da Trácia. Sacou a diferença??
Bom, eu não estou, aqui, querendo confrontar diferentes opções tântricas ou matriarcais. Nem estou querendo “endeusar” o suprassumo patriarcal da seiva ariano-caucasiana, ou os cromossomos do Noé pinguço, ou do trambiqueiro Jacó Israel. Quem sou eu pra derramar esse munguzá??
Mas, com sinceridade, e com o coração tranquilo, vamos admitir: Jesus é um ser humano, e não um “pendráive”. Tinha todos os desejos e ânsias de qualquer criatura humana. A diferença está na eficiência do autogerenciamento das dosagens e frequências... de substâncias, sexo ou poder exercido contextualmente. (o poder é o maior de todos os afrodisíacos: não esqueçam.)


É muito diversificada a herança “ideológica” do Yeshua. Há opções para todos os gostos. Há “anarquistas” cristãos, como o Tosltoi e o Steiner. Há fundamentalistas fascistóides, como o Hagin, ou o Valdemiro. E há também o pessoal do “caminho do meio”: geralmente “neo-epicuristas”, ou melhor: misturam o epicurismo com um suposto “platonismo” cristão. Cultivam variantes de “meio-termo”, e enfatizam a “união mística”. (também a dialética ocidental e a síntese de opostos com diferentes percentuais de cada lado. A mandorla cristã.)
Enfim: são tantas variantes de todos os tipos que eu nem sei o que dizer direito. (talvez a quantidade de subdivisões seja bem maior do que eu mesmo penso. Mas este sempre foi um problema característico de todas as etnias, e não exclusivo da etnia hebraica.)
A variante “ortodoxa”, por exemplo, que é mais forte da Rússia aos Bálcãs, tem muitos setores esotéricos e místicos. A literatura dostoievskiana está cheia de figuras dessas sub-áreas do cristianismo derivado do Patriarcado de Moscou, que depois irá transformar-se em “ideologia” eurasiana, herdando a fome de poder stalinista, de revestrés, “por terceiro”, sem falar nos cristãos coptas. Uma prova disso é a desnorteante e atual “conchambrança” entre os neo-stalinistas e os herdeiros do cristianismo ortodoxo, da Sibéria até o Cáucaso e a Tartária.



E tem também aquela polêmica desastrosa da reencarnação e do celibato.
Primeiro vem o exílio do Orígenes de Alexandria: caiu no abraço-de-tamanduá da rainha Teodora e do imperador Justiniano, todo poderoso herdeiro do antigo Império Romano do Oriente, ancestralmente ancorado em Bizâncio, que depois será Constantinopla (corria o ano da graça de 553 DC).
A rainha Teodora tinha muito medo de reencarnar como escrava. Por isso, “ordenou” ao marido para pressionar os padres a banirem a reencarnação e aprovar definitivamente a idéia de ressurreição ou “ressurgimento” da carne.
A partir daí, pra quem defendia a reencarnação: se não correu, morreu. Era exílio ou morte.
Foram eliminadas, primeiramente, 500 profissionais do sexo, antigas companheiras de profissão de Teodora, naquele tempo tenebroso em que ainda não havia carteira assinada. Depois vieram as tradicionais sessões de tortura e mais eliminações físicas propriamente ditas.
No caso do celibato, eu nem preciso repetir: foram interesses seculares imediatos da alta burocracia católica que instauraram o celibato obrigatório, como estratégia para impedir que herdeiros genéticos dos padres se apossassem dos bens “milagrosos” da Santa Madre Carismática Universal.
Quem capitaneou esse desastre “filosófico” foram o rei Rogério II e o papa Inocêncio III, a partir do Segundo Concílio de Constantinopla, em 1139 DC, desembocando definitivamente no Concílio de Trento, em 1545 DC.
É bronca pesada.
Durma-se com um barulho desses.



COMENTÁRIOS DE VERSÍCULOS


Dai a Cesar o que é de César, e a Deus o que é de Deus.

Paulo , o Saulo , era escravagista. Ou melhor: pessimista conformista. Como o Cohélet. E eu sempre fui muito desconfiado sobre uma suposta bissexualidade de Saulo, enrustida, sempre enrustida. O rei Davi também. Altas suspeitas.
Talvez também Betsabá e os cromossomos de Urias. E até o general Jônatas.
(não esqueçam de incluir nessa lista o major Sebastião, da guarda pretoriana.)
Enfim: o ouro e as jóias de Roma, e da princesa Honória: muito interessante pra Átila, mas interessava também aos generais ripuários. Este era o nó-de-marinheiro que ninguém desatava. Altos espíritos-de-porco espalhados em Moab e norte do primeiro reino acádio. Antes da fundação de Bagdá. Já pertinho de Eridu, Lagash e Babil. (o tutano do Crescente Fértil.)
Idem no Vale do Nilo, na parte sul principalmente.
Incluindo o pessimismo conformista de Cohélet, COMO JÁ FOI DITO. E dos primeiros luteranos. Mas incluindo também a sedição distributiva de Amós, costurando uma bipolaridade “cananéica” (nos confins de Constantinopla e Alexandria também).
Um conformismo “pop” que tem infernizado o carma coletivo de todos os semi-escravos paulistanos ou neo-informacionais da Besta Galáctica Pós-Pós. (do sumidouro evanescente do Rio Una, das correntezas imprevisíveis do Velho Chico.)
Do tutano da Ciscaucásia até a desembocadura no Mar de Aral.
Sub-satrapia tártaro-mongol no sul do Daguestão.


Eu e o pai somos um.

Aqui a confusão foi bem maior. Confundiram a condição bipolar pré-cósmica, a autotranscendência e a conexão universal de todos os fenômenos: terráqueos e extraterráqueos.
Chegando a um ponto desses, não são poucas as criaturas que passam a acreditar que estão em empate técnico com o Criador Incriado. É um momento “subjetivo” muito perigoso: inúmeras sub-áreas interligadas tornam-se “desencontradas” ou repentinamente imprevisíveis, apesar de alguns sonhos reveladores.
Numa hora agoniada dessas, qualquer “guenzo” das hordas vampirescas pode, repentinamente, te ameaçar seriamente.
É também um momento de chance, como diziam os taoístas ancestrais.
Mas atenção: não se trata de confundir a si mesmo com a própria Divindade Cósmica. Os fariseus e saduceus exploraram bastante esse “vacilo” de Jesus. Desde que tenha sido um vacilo, e não opção consciente.
O mais provável é que os seus herdeiros tenham aprofundado e cristalizado esse desvio excessivo do “superego”. E não Ele mesmo.
Provavelmente pós-Constantino. E aqui voltamos para Átila e a península itálica.
Agostinho de Hipona estava escrevendo suas “CONFISSÕES”, enquanto bárbaros asiáticos e germânicos começavam a devastar o que restou de Roma. Não lembro em qual “congresso” católico foi legalizada definitivamente a igualdade entre Yeshua e Javeh.
Se não me falha a memória, foi no Concílio de Nicea, em 325 DC. Mas é possível que os gnósticos cristãos primitivos já tivessem chegado a alguns insights mais profundos em relação a esse equívoco, percebendo, de forma ainda um pouco “tosca”, esse desvio mental específico; certamente emergido de alguma sub-área do “superego”, um ARQUÉTIPO que é frequentemente confundido com o “eu superior”. (a proliferação de “heresias”, depois do Concílio de Nicea, é uma evidência forte que aponta nesta direção, principalmente o pelagianismo e o arianismo.)
Jesus, ELE MESMO, o marceneiro de Canaã, muito provavelmente teria superado essa intuição “torta”, já que tinha inteligência e talento muito acima da média comum. (Cedo ou tarde, ele iria perceber. Eu desconfio seriamente que ele percebeu.)



Não coloquem vinho novo em barril velho.

O “conflito de gerações” entre Yeshua e Javeh não era um conflito total.
Para Jesus, não se tratava de romper totalmente com a herança “javeísta”. Tratava-se mais de aperfeiçoar alguns detalhes, ou algumas pequenas revogações, do que romper “cem por cento” com Javeh.
Alguns pequenos lances táticos e momentâneos.
E aqui é inevitável entrar na temática do Cristo Cósmico e de supostos Templários de Esquerda, incluindo a Cabalah e a Umbanda cristã.
A Árvore do Conhecimento é mesmo a Cabalah, e não a maconha, nem o cogumelo Psilocibe de todos os semi-áridos. Porém a cabecinha verticalóide do patriarcado javeísta eliminou não apenas El e Asherat, mas também Astarot e Vênus.
E aqui eu não estou ditando, espertamente, loas elogiosas ao feminismo neurótico ou cinderélico “alternativo”. E sim apenas repassando detalhes antropológicos e arqueológicos já detectados e confirmados por muitos pesquisadores.



Nunca deverá acontecer qualquer acordo entre luz e treva.

Na psicologia transpessoal, essa temática é conhecida como “integração da Sombra”. O que nos remete novamente para o assunto da “bipolaridade cósmica” e da “autotranscendência” humana.
No esoterismo ocidental, esse tema corresponde à problemática da “união mística”, ou seja: união de opostos, junção de contrários. A MANDORLA do gnosticismo cristão posterior.
A mentalidade estreita e fundamentalista nunca aceitará “o pólo negativo da bipolaridade universal”. (na Cabalah, isto é um ponto de partida fundamental, depois complementado com a “ampliação perceptiva” e o aprofundamento da introvisão.)
Os primeiros fundamentalistas bíblicos bateram muito nessa tecla, tentando desviar algumas grandes verdades “esotéricas” universais, e sempre demonizando a Cabalah, OU MELHOR: a Árvore do Conhecimento.
Alguns “salvam-se” pela fé, mas outros “salvam-se” pelo coração ou pelo conhecimento, como Tomé, e Felipe também. (não esqueçam que no cristianismo primitivo ainda não existia a disputa sanguinária entre “gnósticos” e “fundamentalistas”.)



Vou destruir tua igreja, e construir outra em três dias.
(Eli, Eli, porque me abandonaste??)

Yeshua e Javeh nem sempre coincidem. Mas há convergências entre os dois. Sempre houve, embora Jesus fosse um pacifista sonhador e delirante que o império romano confundiu com um guerreiro cósmico; e Javeh seja um guerreiro cósmico propriamente dito. (fenomenologia pré-cósmica no tutano do Gênesis).
Acreditando em “impossíveis” metanóias profundas no povo hebreu, Yeshua não irá perceber que Eli e Javeh são diferentes (mas os seminômades sírios perceberam).
E Javeh aproveitará a confusão, o buruçu “epistêmico”, pra derrotar Eli (El), Baal e Asherat.
(depois que assume o “trono” religioso em Israel, Javeh absorve “talentos” de Baal e Asherat, bradando aos “quatro ventos” que, a partir dali, não existirá outro “deus” em Israel, nem no resto do Universo. É o fim da tolerância religiosa a um suposto politeísmo cananeu dos tempos antigos. É o auge da autossuficiência “egótica” e do abismo “subjetivo” insaciável... bem próximo à desembocadura dos rios Tigre, Eufrates e Jordão.)
Mas o Yeshua morre sem entender direito o que estava acontecendo nas ruas próximas à foz do rio Jordão. E então a “mundiça” espiritual do trambiqueiro Jacó exige a “decapitação” do sonhador de Nazaré e Belém. E os saduceus aproveitaram o buruçu pra jogar a última pá-de-cal nos pés da “santa cruz da totalidade cósmica e da distribuição de renda”.



Não é santo aquele que bebe vinho com soldados e prostitutas.

Talvez esta fosse a principal divergência entre Yeshua e os fariseus e saduceus (principalmente estes dois). Porque havia também Alah, o meio-irmão de Javeh, “rondando ao redor”. Mas parece que a bronca MAIOR foi com os saduceus, e não com os fariseus... talvez. MUITO PROVAVELMENTE. (e a História Oficial registrou outra versão, mas a vida é assim mesmo. O pólo “negativo” também faz parte da Totalidade Universal... e das bipolaridades em geral.)
Eu, hein???
E tem também essa referida dificuldade da mente ocidental pra aceitar a “integração da Sombra” (tou usando terminologia junguiana). Ou melhor: a Sombra também é bipolar, e é necessário que, antes de mais nada, Ela dê a sua autorização ao Eu Superior para a integração de alguns sub-setores do Inconsciente Coletivo, chamados por Jung de “ARQUÉTIPOS”. (é como uma chave específica que precisa encaixar na “dentadura” certa: uma informação ultracomplexa, tanto quanto os encaixes da bioquímica neuronial entre os axônios da carne da Terra.)
Pra tudo isso, serão necessários inúmeros acordos e negociatas com a “Sombra”, e com radiações cósmicas de fundo, de todos os tipos e tamanhos, numa velocidade maior que a da luz. Ou melhor: curtos-circuitos infinitesimais. Ou seja ainda: com o arquétipo pré-cósmico “Lucifé di Cocada”. Ou a “Febre du Rato”. Ou “Maria Padilha”: inclusive.
Raramente. Mas às vezes também.



O mal é o que sai, e não o que entra.

Aqui o Yeshua assumiu publicamente, e radicalmente, a sua posição pessoal a favor da liberdade individual, ou “livre arbítrio”, mas era uma “liberdade individual” com algumas “restrições” e com as dosagens e frequências controladas pelo patriarcado israelita. Quero dizer: “jacobense”, já que o velho trambiqueiro do Edom tinha ainda suas reservas de forças ocultas, e de cartas na manga, como o Rei Artur, e sua heresia pelagiana, mas devidamente empossado como “comandante-em-chefe” de toda a ilha britânica. O primeiro imperador bretão (de toda a Bretanha).
Morgana e Mordred é outro papo. Porque aí já é mais exatamente paganismo druida, e não paganismo saxônico, ou “rúnico”. Quase caldeirão assírio e cazar, fervilhando miolos e tripas no molho do guisado cananeu pré-histórico, adiando os ataques às barbas do império Mitani.
O grande lance era gerenciar dosagens diferentes em contextos e individualidades diferentes, ao invés da ancestral “mais-repressão” dos patriarcados de São Petersburgo ou Leipzig. Mas mesmo esse pequeno corte já era o bastante pra atiçar a cobiça dos saduceus e fariseus.
O resto vocês sabem. Eu não preciso repetir.

Zé de Lara
julho - 2017









PENTECOSTES E PROSPERIDADE

Não vejo a religiosidade como um tipo de “ópio”, ou de sonho ilusório como substituto para a realidade concreta. Vejo como ânsia de conexão cósmica, de religação com o Universo. Mas existem religiosidades “degeneradas” ou deturpadas, é claro. E estas podem, sim, transformarem-se em alguma espécie de “ópio” subjetivo ou espiritual (enganar a si mesmo é mais fácil do que a gente pensa). Ou em algum tipo de poder vampiresco ou fascistóide. O erro seria generalizar, e afirmar que TODAS as religiosidades são degeneradas ou deturpadas. E mais: existe uma enorme diferença entre Jesus, ele mesmo, e a maioria das igrejas que se formaram em seu nome: quase um abismo. Jesus era um “peixe quase-aquário”, e os diferentes fundamentalismos que foram formados em seu nome não passam de caricaturas e simulacros. E havia a ala esotérica do cristianismo primitivo. E Javé é um deus contraditório, “bipolar”: tem uma face ditatorial e uma face piedosa, e também uma face sublimada e uma face “depravada”, manifestada no Rei Davi, por exemplo. Alguns cristãos gostam de dizer que Javé amou Davi mais do que todos os outros homens: é o mais amado: porém era poeta “místico”, guerreiro, biriteiro, raparigueiro, adúltero, mercenário, etc: sem falar nas suspeitas de “bissexualidade”, principalmente o “caso” do general Jônatas (“a tua amizade é mais doce do que a amizade das fêmeas”: tá na Bíblia, mas não lembro exatamente onde; não sou decorador de textos, sou poeta, e não um pendrive.)
Quando Elias fez chover fogo sobre os gurus de Jezabel, ele estava não apenas combatendo os inimigos de Javé, mas também combatendo a corrupção e a injustiça social que emanava dos palácios e templos dos outros deuses cananeus. O problema era que, nessa época, Javé já era um ditador, um “fascistinha” que não admitia a existência de outros “deuses” em todo o Universo (ele acredita piamente, realmente, que é o único “deus” que nasce do nada cósmico?). E às vezes, em momentos mais “degenerados”, queria ser igual ao Universo, ou até maior que o Universo: eis o drama cósmico de Javé, que é apenas um dos inúmeros deuses que nascem do nada e do caos cósmicos; fora as suas contradições e bipolaridades. Ele seria, então, luz e ordem; e Jezabel seria apenas caos e depravação. Aconteceu algo parecido na “relação” entre Marduk e Tiamat (bem ali pertinho da Cananéia).
Luz e treva são lados de uma mesma moeda. NÃO SÃO DUAS MOEDAS. (apenas os lados se alternam e se misturam). Tudo existe aos pares. são díades. Amor e ódio são uma coisa só: uma bipolaridade. É dialético. (onde tem amor tem ódio: o tamanho do ódio é do tamanho do amor). Porém a criatura humana precisa usar a autopercepção e o autogerenciamento para trabalhar uma hegemonia da luz sobre a treva, mas sem querer extinguir o ódio, ou seja: sem extinguir um dos pólos da “díade”. E também o seguinte: a “treva” tem a sua função, dentro das bipolaridades, dentro do jogo dialético: na dosagem certa, na hora certa. Mas tem que ser bem administrada pela consciência: pelo que Freud chamava de "autossublimação não-repressiva": força interior e discernimento intuitivo.
Então... eis o mais incrível: expor contradições é “qualidade”, e não defeito. A Bíblia está cheia de contradições, e isso é bom. É sinal de que houve coragem para expor também os aspectos negativos de cada contexto, ao invés de apenas jogar pra debaixo do tapete ou “empurrar com a barriga”. Quer dizer: as bipolaridades cósmicas estão expostas, e não escondidas. É louvável. É raro você encontrar, em outros livros religiosos, tanta coragem para exibir a condição “bipolar”. E também o seguinte: a ânsia de justiça, e a luta por justiça social, de muitos antigos profetas semitas, como o Amós, você não encontra, ou quase não encontra, em outras religiões, que estão, em sua maioria, preocupadas “exclusivamente” com a mutação interior. Os Templários, por exemplo, não lutavam por distribuição de renda ou horizontalidade no exercício de poder. Lutavam apenas para tomar o poder na região da Cananéia, e implantar os pressupostos engessados do cristianismo “dogmático” daquele contexto. Mas os fundamentalistas obtusos costumam não reconhecer essa verdade das bipolaridades. E continuam acreditando que as contradições expostas na Bíblia devem ser escondidas ou “empurradas com a barriga”. Problema deles, e não meu. O meu “deus” não é Javé. Sou ecumênico e tenho a minha “falange cósmica”, da qual Maytrea Guerreiro faz parte, contraditoriamente; ou melhor: dialeticamente. E vocês podem considerar, num certo sentido, que Maytrea Guerreiro é uma das inúmeras faces de Javé, que é inevitavelmente polifacial, ou seja: tem também bipolaridades entrelaçadas, como tudo originariamente no Universo. Se assim quiserem entendê-lo. Seria uma outra maneira de entender o mesmo fenômeno: não deixa de ser válida. Fiquem à vontade.
Javé não é pacifista; é Senhor de Exércitos: um guerreiro cósmico, portanto. Um campo cósmico cuja atividade principal é guerrear contra outros campos cósmicos, ou seja: contra outros deuses. Seu paficismo é apenas contextual, momentâneo. Pra ele, a paz é apenas um intervalo entre duas guerras. Mais uma contradição. Não esqueçam que o Gênesis começa com uma guerra no “céu”: o ego de Javé contra o ego de Lúcifer. Depois Javé se envolve em outras incontáveis batalhas “cósmicas”. Ganhou a maioria, mas perdeu algumas. Nenhum “deus” ganha todas as batalhas. Ganha algumas e perde outras. Perdeu uma pra Marduk, de Nínive, por exemplo, no tempo do cativeiro babilônico. E perdeu outras também, mas não é o caso de listá-las aqui. Os pacifistas ingênuos da atualidade, na sua maioria criaturas incapazes de se defender, confundem humildade com humilhação, e afundam num estranho prazer masoquista, “gozando” de forma invertida, através do exercício de poder fascistóide que os seus “avatares” exercem sadicamente, como vampiros cínicos. Estranha maneira de gozar. Muito estranha. (Elias não é num pacifista. Como pode ser pacifista um homem que faz chover fogo em cima de seus inimigos ideológicos? Jesus chicoteou os agiotas e esculhambou agressivamente os fariseus, e bebeu vinho com soldados: era contraditório também: e isso é bom, e não ruim. Quer dizer: é dialético, é humano. Ele que dizia que era Filho do Homem. E certamente “namorava” com Madalena, sim. Namorava sim. E o Salman Rushie é um covarde, um medroso: está dito.
Então aqui entram em cena as diferentes pulsões: de sexo, de ego, de poder, de morte, e de conhecimento: que o Foucault chamava vontade-de-conhecer, e o Cohélet dizia que é vaidade também, e que não é outra coisa senão a “árvore cabalística”, a famosa Sephirot; (há diferentes maneiras de “cair”, conforme cada pulsão específica que domina o mundo mental de cada indivíduo). A expansão da consciência, interna e externa, poderia facilitar a libertação dos seres humanos do domínio dos anjos-de-treva disfarçados de anjos-de-luz. Então o principal fruto proibido parece ser mesmo a ampliação do conhecimento, interno e externo, e não o sexo do casal Adão de Eva. Por que isso?? por conta dos pendores ditatoriais e vampirescos de Javé, um sujeito indisfarçavelmente contraditório, “bipolar”. E pode acontecer de um desses “arquétipos” totalitários e agressivos emergirem das funduras do Inconsciente, e assumirem o poder “interno” na estrutura mental de qualquer criatura, e esta ficar acreditando que se trata de um anjo-de-luz, como aconteceu com os Mórmons e Maomé, o primo de Jesus. Só se for um anjo pedófilo e ditatorial. O arcanjo Gabriel é pedófilo e “totalitário”?? ou esse é um pendor individual do Maomé?? ou é apenas uma consequência indireta da repressão sexual?? Eis uma tática muito comum no mundo espiritual e cósmico: um anjo-de-treva que finge que é um anjo-de-luz, e muita gente acredita. O Rilke já dizia: “todo anjo é terrível”. E o Nietzche dizia assim: “onde encontrei vida, encontrei vontade-de-poder”. E aqui não estou deixando de reconhecer que os verdadeiros cristãos existem, e que há mulçumanos democráticos e desapegados. São raros. Mas existem. Assim como existem também muitos hebreus tolerantes e honestos.
No campo da ética e da moral, as hipocrisias e simulacros são muitos (demasiado humano, mas sem misantropia). E há também os sinceros, em minoria: conhecidos como inocentes úteis ou bucha-de-canhão (na extrema-esquerda há muitos deles, “às avessas”). Talvez a ética protestante tenha funcionado no tempo dos quackers e na época do Max Weber. Mas no Brasil falhou. O que se viu aqui foi uma degeneração neo-liberal, empanturrada de usura, simonia e cobiça: que fudeu a cabeça e a alma da maioria da mundiça tupiniquim, que afundou na ânsia delirante de enriquecimento fácil, e saúde total. Um mecanismo mental limitador e castrador, mas que funciona, na prática. E olhe que eu não estou falando de “neo-franciscanismo” ou algo semelhante. Não gosto desse papo de faltar cuscuz na minha mesa, e mesmo assim eu ficar agradecendo a “deus” por ter conseguido atingir os ápices de uma iluminação suspeita. (mas às vezes um enorme desespero me invade quando eu penso que é possível que a cognição mestiça nunca conseguirá ultrapassar determinados limites perceptivos: nesse raciocínio, eu também seria parte de uma provável concordata da civilização mestiça). Credo! Cruzes! Vade retro!
Todavia, é bom não esquecer que a moral stalinista era muito semelhante à moral burguesa “vitoriana”, nos seus pressupostos de sublimação sexual e sentimento de seita, incluindo a homofobia, e funcionando como outro tipo de “cabeça-de-bula” limitada e castradora. Eu mesmo jamais destruiria os mosteiros e igrejas dos outros; pois sou um homem verdadeiramente democrático, e aceito o direito individual de cada um escolher a sua religião ou o seu grupo ideológico. Nesta discussão, eu incluo a questão das “prostitutas sagradas”, que têm a sua função dentro do todo social, principalmente no que se refere à demanda de satisfação sexual dos solteiros e de todos aqueles que estão fora da gaiola dourada do cinderelismo e do amor romântico com fidelidade. Os anjos piedosos, com a sua percepção ampliada, compreendam e perdoem Lilith e Hécate, e todas as bacantes e garotas-de-programa também. Incluindo as poetisas da ilha de Lesbos. Se não for assim, então muita gente vai “morrer na mão”, que nem colher de pedreiro, batendo punheta ou siririca assistindo vídeos pornôs. Tenho dito, e repetido. “Cabe tudo no coração dilatado do bodisatva”. Cada um contribui conforme a sua vocação.
E tem essa história das doenças, em geral, incluindo as doenças mentais. Segundo os iluminados neo-pentecostais, quem está doente e pobre foi amaldiçoado por “deus”, que o abandonou. Como se a doença e a morte não fossem algo corriqueiro e comum na natureza. Até as árvores adoecem e morrem; (na Agronomia existe uma disciplina chamada Fitopatologia). Calvino era hipocondríaco. Lutero, depressivo. Max Weber também (tinha surtos). Santo Antônio passou por um período de “travessia noturna” alucinatória em que via monstros e assombrações (escapou do internamento num sanatório por uma peinha de nada). Até o Rudolf Steiner adoeceu (mas o cristianismo deste era “libertário” e esotérico: uma outra vertente). Eu também estou doente: de lombriga e neurose. Mas, para estes fanáticos ensandecidos, as verminoses também são um problema subjetivo. TUDO é subjetivo, pra esses doidos “fundamentalistas”. Até a Tênia é subjetiva, uma verme com dez metros de tamanho. Então as lombrigas foram amaldiçoadas também, porque são “subjetivas” ou psicológicas, e estão afundadas numa decadência espiritual horrível. São demônios do Inconsciente Coletivo, e serão expulsas de todas as barrigas com as fortes orações e pantomimas pentecostais e carismáticas. Serão extintas. Não restará unzinha no bucho da mundiça tupiniquim. Todas as crianças brasileiras serão definitivamente afastadas desta “subjetividade” horrorosa.
Quantas faces tem Javé?? trezentas?? ou tem mais de trezentas, como o Mário de Andrade?? Este é outro problema muito sério: as divisões intestinas do cristianismo. Cada ego é uma igreja, ou partido. Católicos e protestantes se matando nas ruas da Irlanda é uma brincadeira de criança se compararmos com as atrocidades de um Torquemada ou com o vampirismo capitalista dos neo-pentecostais. Mas vamos admitir que Maytrea Guerreiro é uma das faces de Javé. Daí, por consequência, teremos que admitir, também, que as subdivisões do “intestino” de Javé digladiam-se terrivelmente dentro dele. Seria mesmo assim?? Se for assim, então evidencia-se que Maytrea Guerreiro, como uma das partes de Javé, tem perdido frequentemente suas disputas e batalhas contra Calvino, por exemplo, ou Hagin, ou Ratzinger, já que Maytrea enfatiza muito a distribuição de renda e a acomodação de diferenças, pois Calvino e Ratzinger são aqueles fundamentalistazinhos burgueses e fascistóides já de todos conhecidos. São famosos. Inclusive o seguinte: se eu gosto de Maytrea, o guerreiro e justiceiro cósmico, como já disse que gosto, então eu estou apostando na vitória de uma das partes de Javé contra outras partes de Javé, obviamente, embora considere Maytrea apenas como um dos “campos cósmicos” da minha “falange”, um dos “arcanjos” da minha “falange”. EU preciso de proteção também, é óbvio. Mas reconheço que existem algumas pessoas que não precisam da proteção de um “avatar”, ou de uma “falange”, pois já têm força interior e discernimento intuitivos próprios, como um dom pessoal, de nascença. Eu não tenho esse dom de uma força interior tão grande. O meu dom é outro.
Voltando para o moralismo puritano de Stalin e Jdanov: pra muitos ateus e cientistas egóticos solipsistas, o ecumenismo é apenas um tipo de superstição, entre outros tipos. Mas muitos “positivistas” pan-racionais ficaram um longo tempo dizendo que as ondas gravitacionais também seriam um tipo de “superstição”. Alguns chegaram a duvidar até mesmo da existência das ondas cerebrais. E outros, mais dogmáticos ainda, chegaram ao absurdo de querer extirpar a subjetividade e a consciência no mundo psicológico, como foi o caso de Althusser, que endoidou depois de matar a mulher. Arquétipos sombrios emergiram das funduras do seu inconsciente, dominaram sua estrutura mental, e ele não percebeu, nem desconfiou. Dessa forma, muitos desses ateus e solipsistas egóticos afundaram numa dicotomia unidimensional horrível, que se recusa a qualquer esforço de conexão com o Cosmos, de religamento humano com o Universo; e alguns deles então ficam presos numa vida mental e espiritual intoxicada de ânsia egótica de “fragmentação e poder individual”, separados incuravelmente do Todo Cósmico. Eis a lombra fudida de alguns “semideuses” terráqueos extremamente egóticos: SEPARAÇÃO E PODER. E não sou eu quem está pregando o “suicídio branco” como bandeira existencial. Me poupem. Meu negócio é liberdade com responsabilidade.
As assombrações que Lutero via quando estava no banheiro, depressivo, com toda certeza eram também projeções do seu inconsciente, que se manifestavam como imagens que se formam entre a retina e o cérebro, mas temos a impressão que estão “fora”. São diferentes os tipos de “arquétipos sombrios” que, às vezes, são projetados pelo “id”, e atravessam a consciência atormentada como se fossem assombrações (o inconsciente é simbólico e produz imagens). E é bom não esquecer que Lutero aconselhou os príncipes alemães a eliminarem impiedosamente os anabatistas e seu líder Thomas Munzen, que é uma figura obscura e secundarizada no mundo evangélico em geral (sempre jogada pra debaixo do tapete “bíblico”). Então os príncipes alemães fizeram esse serviço “demoníaco” com muito prazer, do jeitinho que o Lutero aconselhou. Não “caiu” nas drogas, mas “caiu” no exercício de poder verticalizado, intolerante, vampiresco, e este é o pior tipo de droga que existe (há diferentes maneiras de “cair”, assim como há diferentes mecanismos de dominação).
E agora chegamos especificamente em Pentecoste e na Teologia da Prosperidade (cinquenta dias depois da Páscoa). Chegamos também nos dízimos e ofertas de Malaquias, e na mendicância de São Francisco; (antes de mais nada, quero deixar bem claro que gosto do “Chico lá de Assis”; gosto mesmo, com sinceridade, mas tenho algumas divergências “pontuais” com ele e com o Malaquias, o que é normal num regime democrático). Chegamos também nas “glossolalias estrambólicas transtornadas”, e alucinantes; mas vamos com calma, porque este assunto é muito complexo e multifacetado. Primeiro o seguinte: as energias sutis e as microondas (dos diferentes tipos) atuam em todos os chacras, e em todo o corpo. E existem criaturas que têm o dom de manipulá-las ou percebê-las com mais acuidade. São os famosos paranormais. A maioria, ao perceber que possuem esse dom, costumam procurar alguma igreja ou grupo de religiosidade independente. Nas egrégoras, estas criaturas têm uma função muito importante, uma vez que, nelas, as energias sutis e microondas costumam estar mais densas e fortes (elas absorvem e emitem “energias” sutis com facilidade). Na egrégora, onde estas “energias” se acumulam, quase tudo pode acontecer, inclusive “milagres”, que são resultantes das influências destas “energias” e microondas no corpo humano, principalmente nos chacras. E aqui a esquerda atéia, solipsista e dicotômica, mais uma vez, derrapa, pois costuma negar a existência destas energias sutis e microondas, que pra ela não passam de meras superstições, ou especulações não-científicas. E subestimou também os interesses imediatos do ego individual e da família “tradicional” como núcleo de reprodução da ideologia burguesa (pequenas vantagens imediatas pra mim e pra minha família).
A maior parte do problema, portanto, costuma estar no ego do “paranormal” e de seus “discípulos”, ou do “iluminado” ou “santo”, por mais incrível que pareça, (no eixo ego-Sombra), e não especificamente na egrégora; (o sistema de castas que o diga, ou a absurda concentração de renda tupiniquim). Ele não perde o dom da “paranormalidade” por ter se tornado egoísta e vampiresco. No mundo espiritual e cósmico, existe uma lei básica que diz assim: “arcanjo caído permanece arcanjo”, ou seja: ele não perde os dons por ter “caído”. Salomão permaneceu como um dos homens mais inteligentes da história humana, mesmo após a sua “queda”. Não perdeu a sua grande inteligência, que era o seu dom principal. Então não estou duvidando das “forças” e energias cósmicas que atuam através da confissão positiva, do pensamento positivo ou da fé unilateral. Essas “forças” existem mesmo. Nunca duvidei. Mas a visão crítica ampliada depende de uma certa dosagem de “negatividade” autotranscendida, o que auxilia na percepção da realidade concreta como ela realmente é. E eu não estou dizendo que quero alternar da positividade para a negatividade, negando a primeira, ou querendo extinguí-la. Estou apenas atento às alternâncias e misturas de opostos que acontecem a todo momento no Universo: a famosa UNIÃO MÍSTICA.
“O ego é a saúde” – diria o Freud. E o Jung poderia dizer: “a integração da Sombra não deve implicar na hegemonia da Sombra”. Em Freud, a saúde resultava da adaptação e do conformismo. Em Jung, resultaria da negociação e dos acordos entre os diferentes “arquétipos” e subsetores do inconsciente coletivo e individual. Não será preciso listar aqui todas as desgraças e misérias resultantes do conformismo interesseiro, principalmente as de cunho neo-liberal ou neo-fascista. Vocês sabem melhor do que eu. Basta apenas prestar atenção nos detalhes do dia-a-dia na realidade cotidiana. O prazer masoquista é apenas um dele. O cinderelismo também. E o poder patriarcal castrador e sua “exploração do Homem pelo Homem”, chegando até o escravagismo, em alguns casos.
A misoginia seria apenas mais um detalhe, se grandes “iluminados” ou “santos” não tivessem afundado nela até o “pescoço”. Como foi o caso do Paulo de Tarso, e de tantos gurus do patriarcado védico. Do patriarcado islâmico, nem se fala. Vocês sabem melhor do que eu. (na Psicologia Transpessoal, o amor romântico é uma variante de “sombra”).
Somatização é outro assunto polêmico. Na cabecinha dogmática dos fundamentalistas bíblicos, quem somatiza são apenas os “não-bíblicos”. Quem me garante que a hipocondria do Calvino não era somatizada?? Quem me garante?? E os problemas de estômago que o Paulo de Tarso teve durante toda a vida?? (depois que levou aquela queda dum jumento em Damasco). E o transtorno maníaco-depressivo do Lutero?? E a hidropisia de Santo Santônio?? Teria ele algum conflito inconsciente, interno, com o “Eu Superior”?? ou não estava tão seguro assim de suas convicções?? ou o conflito acontecia com o eixo ego-Sombra?? E o coitado do Francisco de Assis?? Será que aquele problema grave de intestino resultou apenas das comidas azedas que davam pra ele?? (quando era monge mendicante). Quem somatiza mais?? quem reprime ou quem libera??
Mas se eu passar a acreditar piamente que detenho a chave “metafísica” da “Verdade Absoluta”, posso então terminar somatizando diversos subsetores do eixo ego-Sombra, a partir das profundezas abissais do “id”, por consequência da sublimação EXCESSIVA; ou inclusive somatizar também, de “revestrés”, subsetores do eixo ego-Superego, por consequência de liberação EXCESSIVA.
Ou até mesmo um sentimento de culpa monstruoso, aberrante, se incrustar dentro de mim, entranhado, enquistado na alma, de cima pra baixo ou de baixo pra cima; (sou um homem comum, e nunca quis ser santo nem iluminado: “deus” que me livre dessa lombra delirante terrível). Não sou nenhum joão-sabe-tudo, nem sou o dono da verdade “final”. EU, HEIN?? Quero apenas ser capaz de fazer um autogerenciamento razoável no meu cotidiano. O resto será dádiva “cósmica”, se vier.
E nem quero ficar pedindo tudo a Jesus, que já está sobrecarregado, coitado. Não aguenta mais esse bando de “esmoléus” enchendo o saco Dele, todo dia, e a todo instante. Por que não usam a força interior, o discernimento intuitivo e a energia pessoal que receberam do Universo ao nascer, pra resolver sozinhos pelo menos uma parte das broncas?? Ao invés de ficar querendo que Jesus resolva TUDO. Ele não resolve TUDO. Resolve algumas broncas, mas não resolve todas. Injustiça social, por exemplo, Ele não resolve. Ele não é o Universo. É apenas um dos deuses que surgem das entranhas do Universo. Aqueles que acreditam que Ele é o Universo, cometeram um grave erro de hermenêutica. Gravíssimo. E ainda tem outras figuras “espertas” que fazem caridade para não fazer transformação social. Bela tática. Tem dado certo.
Às vezes penso que Ele morreu sem entender direito o que estava acontecendo. Acredito que Ele não entendia bem a realidade concreta do mundo hebraico e romano, ou subestimou a malignidade humana. Se não foi assim, então por que Ele falou aquela frase terrível na hora da morte? “Eli, por que me abandonaste??”. Por falar nisso, é bom lembrar que foi uma assembleia popular que o condenou, (foi o POVO hebreu), e que existiam outros deuses na Cananéia quando Javé chegou por lá, com os seminômades do deserto. E então cuidou de infiltrar-se e abrir uma guerra contra os outros deuses mais antigos da Cananéia, que eram Asherat, El (ou Eli), Baal, Astart, etc. Abriu uma guerra civil e ganhou a guerra civil. Fez semelhante a Getúlio. E depois, quando a sua vitória já estava consolidada, passou a dizer que não existe no Universo nenhum outro “deus” além dele. É muita arrogância e pendor fascistóide, desse sujeito indisfarçavelmente contraditório, “bipolar”. E a maioria dos cristãos acabou intoxicada de antissemitismo rancoroso, depois que os semitas recusaram-se a reconhecer Jesus como “superior” a Javé. E os islâmicos caem nessa arrogância exclusivista também, quando afirmam que só Alá é “deus”, e Maomé o seu único profeta. Durma-se com um barulho desses.
Até aí tudo bem; cada um escolhe o seu “deus”, se o regime é democrático e se a acomodação de diferenças funciona verdadeiramente na prática. Mas eu mesmo nunca deixei de reconhecer a genialidade intuitiva do povo semita. Os hebreus têm, realmente, em seus genes e memes, uma grande capacidade intuitiva aprofundada e refinada. Moisés e Abraão eram grandes intelectuais e sábios, no seu tempo, no seu contexto, do Egito ou da Mesopotâmia. Abraão, inclusive, é pioneiro na noção intuitiva de monoteísmo (do “deus” dele, e não meu). A Cabala é, pra mim, uma das mais altas elaborações “ocultistas” de todos os tempos, e antecipou a visão holística e a união mística em muitos diferentes aspectos. Então não sou antissemita; nunca fui. Minha preocupação é com determinados poderes estabelecidos, excessivamente verticalizados, vampirescos. E não com os cromossomos e neurotransmissores desta ou daquela etnia.
Pra finalizar, tem essa enorme polêmica sobre de quem é a culpa. No hinduísmo, a responsabilidade é do próprio Universo. Para os hindus, o Cosmos tem as suas próprias Eras (“aeons”), e ele mesmo altera cada uma conforme seus próprios interesses. Sendo assim, segundo os hinduístas, estaríamos atualmente na Era de Kalí, uma era de ganâncias e injustiças. Mas o próprio Universo decidirá o dia e a hora para mudar de Era. A responsabilidade humana seria apenas fazer esforços pessoais para a evolução da consciência e da mutação interior, enquanto as mudanças na Terra seriam de responsabilidade do Cosmos, em si mesmo, segundo os hinduístas.
Já no cristianismo, a culpa é da criatura humana que, segundo os cristãos, optou pelo “pecado”, através do livre arbítrio, ao comer a “maçã” de Eva, fazer um “chá” com as folhas da Árvore do Conhecimento, e cair nas conversas tentadoras de uma serpente venenosíssima, tipo uma naja ou uma surucucu-de-bage, ou certos políticos brasileiros, com o seu falso moralismo. (“Money is God”). Então, desde os seus primórdios, o cristianismo afundou num sentimento de culpa imensurável e neurotizante. É culpa demais, funcionando como um mecanismo mental limitador que impede os seres humanos de viverem uma vida plena e satisfatória; bem diferente do fardo leve que Jesus pregava. É pesada demais, e praticamente impossível de ser dissolvida. Queria eu encontrar um jeito de me livrar dessa culpa horrível, essa máxima culpa. Mas ela está sempre dentro de mim, por mais esforços de transpessoalidade e mutação interior que eu faça. Têm sido infrutíferos os meus sinceros esforços. Tem hora que essa culpa parece tatuagem psicológica irremovível. Mas eu reconheço que uma dosagem pequena ou média, dessa culpa, poder ter uma função positiva no jogo mental, atuando como um alerta ou um necessário acicate interno, para incentivar os esforços pessoais de mudança interior, desde que não seja excessiva nem neurotizante.
Tenho sinceras esperanças que Maytrea Guerreiro, o arauto ecumênico da justiça cósmica, me ajude nessas horas aperriadas e agoniosas, porque sozinho não tenho conseguido dar conta de tantas batalhas medonhas.
OREMOS.
Zé de LARA – 08/05/16




EFEITOS COLATERAIS DE CONVICÇÕES ALTERNATIVAS
O ser humano, essencial e imanentemente, é uma criatura feita de contradições (pares de “opostos”), e multifacetada (infinitas faces). E são essas inúmeras facetas, de todos os tipos, que fazem com que inúmeros efeitos colaterais apareçam de forma imprevisível, como tiros saindo pela culatra. Ninguém escapa. E com os “alternativos” e politicamente corretos não é diferente. O meio sócio-ambiental, por sua vez, é ainda mais multifacetado e complexo.
Em meados da década de 80, quando iniciei minhas aproximações com a luta “ecológica” (ou anti-positivista), essa luta ainda era vista, principalmente nos meios sindicais e acadêmicos, como coisa de maluco, ou de “viado”, ou como um fricote pequeno-burguês (havia um enorme “pré-conceito”). Enfim: um desvio “ideológico” ou existencial para ser evitado. Hoje virou moda, e qualquer bostinha arvora-se em defensor do meio ambiente ou do politicamente correto, e acha que está sendo o “máximo”, a vanguarda da vanguarda, ao defender bandeirinhas infantilóides do tipo: não mate nenhum bicho, plante uma árvore, não mije na grama, seja absolutamente pacífico, mande uma cartinha para o presidente, nunca use linguagem chula, etc.
Quando, finalmente, a resistência “alternativa” (em geral) começou a ser encarada com alguma seriedade, e seus ativistas deixaram de ser vistos como inimigos da “normalidade” e da “ciência”, uma das preocupações que emergiram, entre aqueles que tinham mais lucidez, foi justamente o perigo de que elas se transformassem num novo fundamentalismo, e não apenas uma chatice repetitiva. Só não imaginávamos que aquele pendor, avizinhando-se, chegasse ao ponto de assemelhar-se a certos impulsos “microfascistas” (era o ovo de uma nova serpente?). Pois é justamente isso o que parece acontecer, na atualidade, com algumas bandeiras daquela resistência cultural, junto com limitações perceptivas específicas, relacionadas a determinados efeitos colaterais de convicções alternativas, em certos aspectos da realidade social, ambiental, sexual, cultural, etc, etc. E essa “pasteurização” alternativa, assumindo ares de dona de verdades inquestionáveis, é muito perigosa: abre precedentes muito perigosos. Vejamos alguns casos.
a) Vegetarianos são bons, e onívoros são maus.
Esse tipo de postura é uma bela dicotomiazinha para espíritos estreitos. Como é que esses “transgressorezinhos” não vêem que isso não passa de um maniqueísmo qualquer? Quem foi que disse que, a priori, vegetarianos são melhores ou piores que onívoros? (Nunca esqueçam que o Hitler era vegetariano). Ninguém torna-se melhor ou pior pelo simples motivo de que só come verduras. A carne também tem as suas funções orgânicas, a sua importância alimentar. Se a ciência ainda não inventou um tipo de morte indolor e instantâneo para animais, já devia ter inventado. Porque eu não posso comer uma codorna ou um coelho sem ser taxado de “monstro carnívoro”? Estão demonizando a diferença, obviamente. E se passarem a perseguir os que pensam e agem diferente?
b) Héteros são maus, e homos são bons. Machos são o Mal, e fêmeas são o Bem.
Essa é outra dicotomia maniqueísta horrível. Uma de suas consequências é a demonização da masculinidade natural. Nenhum ser humano é desprovido das pulsões de ego e poder. O problema está em determinado tipo de poder exercido. E este tipo de poder não é prerrogativa exclusiva de machos, nem de fêmeas, nem de homos, nem de héteros, nem de brancos, nem de pretos, nem de índios, nem de ocidentais. Qualquer tipo de criatura humana pode exercer este tipo de poder. (Esqueceram a Condoleezza? E o Paiakan estuprador? E Papa Doc? O Júlio César era bi. Mais tirânico impossível. Diziam dele os romanos: É marido de todas as mulheres, e esposa de todos os homens). Os tupis, nas suas guerras de conquista do litoral, protagonizaram violências tenebrosas. O que eu estou querendo dizer é o seguinte, meu velho: ninguém é inquestionável ou intocável. Se você receber ironia, devolva ironia. Não devolva censura, ou postura “ditatorial”, castradora. Héteros têm o direito de ironizar homos, e homos têm o direito de ironizar héteros. Este é um país democrático. De que adiantaria substituir um fascismo hétero por um fascismo homo? Ou um fascismo branco por um fascismo preto? Ou um fascismo de calças por um fascismo de saias?
c) As crianças são puras, e os adultos são impuros.
Ninguém é puro. As crianças não são puras. Elas são inconscientes. Estamos, portanto, diante de um problema de inconsciência, e não de “pureza total”. A ilusão de que a condição infantil corresponde a um estado “absolutamente puro” é mais uma estupidificação imposta pela “normose” coletiva. A criança, com frequência, é invadida por setores do inconsciente em “estado bruto”, e esses setores tanto podem vir do “pólo” positivo quanto do “pólo” negativo (exteriorização do “id”). Ego infantil é bronca pesada, meu irmão. E este mecanismo é, na maioria dos casos, um mecanismo inconsciente, e não uma pureza em si mesma. Mas um adolescente já tem bastante consciência do que faz; até mesmo por conta da evolução perceptiva humana; o que faz com que, num adolescente, a percepção do que é certo e errado já esteja, na maior parte dos casos, quase que plenamente desenvolvida. Por essas e outras, sou a favor da maioridade aos dezesseis (é preciso, também, rever o conceito jurídico de puberdade penalmente inimputável, e admitir a possibilidade de punições para os diferentes tipos de delitos e infrações cometidos por pré-adolescentes e adolescentes).
d) A pena de morte é nociva em si mesma, e em todos os casos.
Mais uma balela, um “factóide”. Quem foi que disse que a pena de morte, em todos os casos, é sempre uma barbárie ou uma posição “fascistóide”? Pode ser e pode não ser. Há casos em que, certamente, essa punição poderia funcionar como um inibidor de “certas” barbáries (seria apenas um fator entre outros fatores para inibir o exercício de “certas” criminalidades: não é panacéia). Eu aplicaria uma injeção letal no sujeitinho que estuprasse a minha filha de onze anos (seria bom ele pensar duas vezes antes de cometer tal delito). E por isso tornar-me-ia menos ou mais fascista que qualquer moralistazinho de plantão? Tornar-me-ia pior ou melhor que qualquer outra criatura contraditória ou unilateral? E o que acham da castração química de pedófilos? Eu sou a favor. Será que eles pensariam duas vezes antes de “seduzir” crianças, ao imaginar o momento da “capação”?
e) Autonomia total para algumas reservas indígenas.
Aí já é o fim da picada. Somos um único país, uma única nação. Unidos somos mais fortes. O Brasil cabe todo mundo. Vamos lutar juntos pelos direitos dos índios, e negociar a autonomia possível. Juntar forças para a luta por justiça social e acomodação de diferenças. Mas uma autonomia total corresponde, na prática, a um outro país. Uma reivindicação dessas faz com que a população fique “de orelha em pé”, justamente num momento em que circulam fortes boatos de que ianques e europeus estão fazendo “lavagem cerebral” em índios da região norte, e impondo limites ao tráfego de brasileiros dentro de algumas aldeias, em cujos espaços os índios já não falam o português como segunda língua, mas o inglês e o francês. E aí alguém poderia cometer crimes num país e se refugiar em outro para fugir das leis que deveriam ser as de uma única nação. Pode ser apenas boato, mas também pode não ser. Se for real, então está claro que, por trás disso, há mesmo planos de ocupação de amplas áreas amazônicas através de estratégias sorrateiras e capciosas, a médio ou longo prazos. Por que o governo ainda não fez investigações sérias sobre isso? A meu ver, se tudo isso for verdade, o exército brasileiro deveria cair de “pau grosso” em cima desses primeiro-mundistas fuleiros.
f) Homossexuais nas forças armadas.
Pode ser. E também pode não ser. Alguns certamente têm alguma vocação para a profissão de guerreiro. Mas outros não têm, e dificilmente se ajustariam às exigências da vida militar. E nesse caso não deveriam insistir em algo para o qual não foram “escolhidos”, vocacionados. Eu mesmo sou poeta. Não tenho vocação para a profissão militar. Por que deveria insistir em ser um militar? Certamente seria um péssimo profissional da guerra, se insistisse em seguir essa carreira, uma vez que não fui “talhado” para essa profissão. Vamos discutir caso a caso, portanto. E uma vez que cada um tem as suas especificidades, uns ficarão e outros não ficarão. Muito “simples”.
g) O guerreiro é maligno. E o pacifista é benigno.
Outro dualismozinho para espíritos estreitos, bem estreitos, unilaterais até o tutano. A principal conseqüência dessa postura é a incapacidade de autodefesa. Mas é também uma tática para desarmar inimigos. Bela tática. Que perigo traz um inimigo incapaz de se defender? Tá neutralizado, e dominado. Sem falar que boa parte dos pacifistas são cúmplices indiretos de poderes reacionários. Vejam o caso dos brâmanes, que são parte da sustentação do sistema de castas indu (cúmplices de um determinado poder; e nenhum poder é exercido sem violência instituída, direta ou indireta). A maioria desses “iluminados” são “absolutamente” pacíficos e vegetarianos. Aqui no Brasil não são poucos os pacifistas que, sorrateiros, são politicamente reacionários, gente da “direita”, pró-capitalismo “selvagem”, cúmplices capciosos de violências instituídas, diretas ou indiretas, e que concentram renda, vampirizam, e implantam injustiças sociais crônicas. Eis outro pendor da mentalidade ocidental: diabolizar completamente o ódio, a violência e a morte. E endeusar totalmente o amor ingênuo, a paz atrofiada e a vida cega. Não conseguem ver a alternância e a síntese de contrários como algo essencial quando o assunto é a condição terráquea. Não conseguem ver que cada coisa tem a sua função, mesmo que circunstancial. E que o mais importante é a autopercepção e a autorregulação, ao invés da “extinção” de um dos pólos de qualquer bipolaridade (estou escrevendo uma crônica sobre as funções do ódio e do ego, quando transcendidos e autogerenciados). Vale o mesmo raciocínio em relação ao prazer e à dor. Se alguém aprende com o prazer, isso é ótimo. Mas existem determinados tipos que só aprendem com a dor (função didática da dor, grande mestra): modificam-se apenas as dosagens circunstanciais, ao invés de tentar extirpar completamente a dor na condição terráquea (na bipolaridade prazer-e-dor). A hegemonia absoluta do prazer, e a ausência total de dor, obviamente, corresponde a uma “atrofia” mental. Nem sempre violência gera violência. Às vezes sim e às vezes não. Muitas vezes acontece de gerar “prevenção” ou recuo. A Nova Zelândia fez um segundo referendo sobre a “palmadinha” (em 2009), e a maioria votou a favor, revogando outro referendo de 2007, desde que fossem estabelecidos limites, obviamente (eu mesmo levei muitas “palmadas”, e mereci todas; nem por isso virei masoquista ou fiquei traumatizado: subnutrição infantil traumatiza mais do que palmadinhas).
h) A felicidade deveria tornar-se uma lei.
Que babaquice. Só faltava essa. Que estupidez. Quantas leis aprovadas, mas que nunca foram aplicadas, existem neste nosso país fudido? Uma das consequências indiretas desse tipo de postura infantilóide (no geral) é a excessiva enfatização de aspectos secundários para desviar de aspectos realmente fundamentais (aqueles mais “desveladores” da realidade concreta, os principais pontos de “estrangulamento”, aquilo que é mais problemático e terrível, como dizia o Frederico). Sem falar na concepção de felicidade de alguns “otários alternativos” ou politicamente corretos, que é uma concepção que confunde bonomia com ingenuidade, ou acredita em uma ausência total de dor; e tudo isso acaba servindo apenas para os dominadores manipularem como um exercício de fragilização do outro, visto sempre como um concorrente (imbecilizar para facilitar a dominação).
i) Determinados tipos de linguagem devem ser descartados.
Outro “factóide”. E dos mais perigosos. Este frequentemente aproxima-se de microfascismos. O George Orwell sempre alertou para os riscos desse tipo de postura. Inclusive, no romance “1984”, o Orwell criou um termo chamado “novilíngua”, que designava justamente uma estratégia de governos ditatoriais e totalitários para impedir a expansão da consciência (e da visão crítica) através do encurtamento de opções semânticas, lexicais, literárias, etc. Então devemos estar sempre com os olhos bem abertos, para não cairmos em discursozinhos estreitos e castradores, ou em efeitos colaterais extremamente restritivos, em nome de determinadas bandeiras aparentemente “libertárias”. Se eu não posso dizer que o feio é feio, que o babaca é babaca, que o escuro é escuro, que o branco é branco... então, meu caro, outras restrições certamente virão, no rastro de “estranhos” e suspeitos precedentes, em nome do politicamente “correto”. Todo cu dado é pouco. Se ligue. Estamos ou não estamos num país democrático? Podemos ou não podemos emitir qualquer opinião em qualquer linguagem? Estamos, mais uma vez, diante de novos tipos de déspotas “esclarecidos”? Estamos lutando por igualdade ou estamos lutando para substituir a supremacia de um “campo” sobre outro “campo”?
j) O pendor para decidir a partir de cima.
Pelo que eu sei, este pendor era comum entre os inimigos da cultura alternativa e/ou libertária. Que tal acostumarmo-nos a fazer referendos e plebiscitos? Ao invés de decidir tudo no Congresso Federal ou na Assembléia Legislativa ou na Câmara de Vereadores, ou em qualquer “cúpula” iluminada, E DEPOIS EMPURRAR DE GOELA ABAIXO. Vamos aprender, definitivamente, a decidir em conjunto, da forma mais ampla possível. E a melhor forma de fazer isso é através de referendos e plebiscitos. E vamos aprender também a deixar brechas e possibilidades para futuras mudanças necessárias, inclusive antecipação de eleições e revogação de mandatos. Que tal? O governo brasileiro foi derrotado no plebiscito sobre o desarmamento. Por que ainda não promoveu modificações jurídicas para se ajustar a esta decisão popular? Eu quero e preciso andar armado, mas quero uma arma legal, um porte legal. E usá-la de forma responsável será um dever meu. O meu autocontrole será posto em prática para que eu a use apenas quando for estritamente necessário. Qualquer deslize, pagarei um “preço” pelo meu erro, o que é justo.
l) A velhice é a melhor idade.
Das duas uma: um eufemismo capenga desses é ingenuidade ou hipocrisia (demagogia barata). Velhice é bronca mesmo, problema sério. Eu mesmo não quero tornar-me um velhinho imbecilizado, desvinculado da realidade (já estou com 51 anos e com alguns problemas de saúde: o corpo já começa a fragilizar-se); portanto preciso ver a minha situação real, e não ficar me iludindo com conversinhas bobas que me dizem que estou na melhor idade. Quero estar com as faculdades mentais bem “acesas”, com a visão crítica bem aguçada, com os pés bem plantados no chão, ao invés de acreditar em “histórias da carochinha para mimar velhinhos”, para fazê-los esquecerem a realidade concreta. Isso acaba sendo nocivo às avessas, pois dificulta a percepção do real.
Bom, há outros aspectos nessa questão dos efeitos colaterais de convicções “alternativas”. Abordei apenas alguns dos que estão em evidência na atualidade. Mas a estupidez não tem fim. É polimorfa. Muda de rosto. Alterna os seus “contrários”. Mas será sempre hegemônica? Então, meus caros senhores e senhoras “bonzinhos”, vamos com muita calma com esse andor da pureza e da perfeição “alternativa”, ou do politicamente correto, já que tudo é multifacetado, imprevisível, enviesado, bipolar. E, de repente, um dos vossos “tiros” podem sair pela culatra, fazendo um efeito avesso, ou trazendo uma contradição inevitável. Não é mesmo?
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6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Também acho super importante essa atitude de não "turvar as águas", Lara. Isso que a gente vê em alguns poemas, esse "profundo-forçado", que até cheguei a produzir. Importante é falar claramente e não confundir a cabeça do leitor. Quanto a tentar conciliar a forma com o conteúdo, também é bastante interessante. Tem uma música do Renato Russo, por exemplo, que chama "O Livro dos Dias", a última do disco "A Tempestade". Ele usa a forma da poesia clássica, mas não pra retratar um feito heróico como fizeram Homero, Camões, mas põe um conteúdo existencialista na coisa. Ele dosou, uma experiência que pode ser empregada com uma gama de outros elementos, vamos dizer, como tu colocou, dos dois "eixos principais" da literatura

    Aqui tem a música, se tu quiser dar uma sacada: http://www.youtube.com/watch?v=H3qRF0cbJqw

    Quanto à música de uma forma geral, a importância de procurar outros aspectos, em outras produções que não só a nossa, a regional, é muito válido. O Frevo é um som muito bom, com Capiba, Claudionor, Alceu, que compõe alguns, e muitos outros - me desculpem os que não citei. Só que o Samba também é um som interessantíssimo e tem seu alvorecer no Rio, em São Paulo. O Jorge Ben Jor, tem uma poética incrível nas letras. E como ele, existem tantos outros. Por isso é importante o que tu citou, buscar em outras áreas o que eu não tenho aqui, pra depois juntar os pontos interessantes e fazer, criar coisas novas. Adorei o artigo, espero ler muitos outros como esse, Lara. Tudo de bom, cara!

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  3. O Cara arrasa e nunca é rasa a fala de Lara

    TROVA DE POETA

    Quando o poeta solta o verbo
    e sentencia a sua verve
    O sentimento vem à tona
    e a poesia emociona
    Qualquer poema serve.

    Quando o poeta em seu delírio
    faz da palavra o seu ofício
    A obra nasce com requinte
    e o negócio é o seguinte:
    Viver de amor, morrer do vício.

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  4. Grande Heldemárcio, morrerei do vício da literatura: ela é a minha cachaça.

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